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De Serpa para os EUA. Azeite alentejano chega à mesa dos norte-americanos

Com impossibilidade de expansão e com “uma dimensão satisfatória”, a Herdade Maria da Guarda produz perto de 2% da produção nacional de azeite português. Para exportar para os EUA foram investidos 17 milhões de euros.
5 Outubro 2019, 08h00

A Herdade Maria da Guarda chegou a acordo com o produtor norte-americano California Olive Ranch para a exportação de 300 toneladas de azeite português com o selo de Serpa, no Alentejo. O Jornal Económico falou com o diretor-executivo da Herdade Maria da Guarda, João Cortez de Lobão, e este explicou que a origem do acordo surgiu quando a equipa da Herdade visitou os EUA. “Simpatizámos imenso com as pessoas. Temos uma história parecida, uma vez que as variedades que pusemos na terra foram as mesmas que eles”. Ainda assim, a Herdade Maria da Guarda tem uma dimensão de 700 hectares, enquanto o California Olive Ranch “têm à volta de oito mil hectares”, o que acaba por não corresponder na produção.

“Têm praticamente 10 vezes mais área do que nós, mas além disso têm embalamento, que nós não temos. Sentimos algumas afinidades até nas políticas de sustentabilidade e práticas agrícolas e é curioso que tenhamos práticas parecidas”, sustentou o responsável.

Com o crescimento exponencial nos EUA devido à adoção de uma nova dieta alimentar, o ‘rancho’ “não tem azeite suficiente da produção deles e queriam escolher três países para estabelecer parcerias: Chile, Argentina e Portugal”.

No entanto, João Cortez de Lobão esclarece que se trata de um protocolo de cooperação, não existindo exclusividade. “Disponibilizamos 300 toneladas de azeite virgem extra para eles embalarem e venderem debaixo da marca deles, mas indicarem que é feito por nós em parceria com Portugal”, afirma.

Com este acordo, a empresa do português espera “continuar a diversificar a geografia de clientes”. Atualmente vendem “o grosso” para Espanha e Itália, mas acredita que “o mercado americano tem um potencial de crescimento enorme e, portanto, nascendo a parceria nesta altura temos a possibilidade de crescer com eles e levar o azeite português a um grande mercado”.

Com a colheita da azeitona duas semanas antes do restante Hemisfério Norte, isto permite uma valorização “dos nossos azeites porque são os primeiros de cada ano e por isso são procurados para servir antes do Natal, para os clientes mais exigentes”.

Embora não apresentem grande ambição de novos mercados “porque a produção está quase sempre toda vendida”, o responsável admite a possibilidade de o mercado asiático se poder tornar “um destino importante para a exportação de azeite”.

Um dado curioso que pode ter contribuído para o interesse dos norte-americanos é o facto de Portugal ser “o país do mundo onde a percentagem de azeite de qualidade é a mais elevada”, sendo que “75% do azeite produzido em Portugal é de qualidade topo”. “Isso deixa-nos quentinhos no coração, saber que o nosso país tem essa vantagem”, sublinhou João Cortez de Lobão.

Com impossibilidade de expansão e com “uma dimensão satisfatória”, a Herdade Maria da Guarda produz perto de 2% da produção nacional de azeite português. Para conseguir este feito, desde 2007 que foi investido 17 milhões de euros.

A exportação do produto final ronda os 100%, tendo como destino Espanha e Itália. E todos os anos, a faturação ronda os oito milhões de euros, ainda que o responsável admita não ser “um número que encha muito os olhos”. Ainda assim, sustenta que o importante é “produzir a um nível muito competitivo, um azeite de muito boa qualidade.

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