Em editorial da passada terça-feira, o “Financial Times” tomou partido pela aposta no hidrogénio a nível europeu. “The time is right to power up hydrogen”, titula o jornal financeiro, explicitando que a União Europeia (UE) tem a meta ambiciosa de conseguir uma capacidade instalada de 40GW até 2030, com origem em combustíveis não fósseis e mencionando os anúncios já feitos pela Air Liquide em França ou pela norueguesa Equinor no Reino Unido. Para esse objetivo, o número previsto é de 25 novas unidades industriais europeias geradoras desse modo de energia.

Segundo a estratégia da UE: “De 2020 a 2024, apoiaremos a instalação de pelo menos 6 gigawatts de eletrolisadores de hidrogénio renováveis e a produção de até um milhão de toneladas de hidrogénio renovável. Entre 2025 e 2030, o hidrogénio deverá tornar-se  uma parte intrínseca do nosso sistema integrado de energia, com pelo menos 40 gigawatts de eletrolisadores de hidrogénio renováveis e a produção de até 10 milhões de toneladas de hidrogénio renovável. De 2030 a 2050, as tecnologias renováveis de hidrogénio devem atingir a maturidade e ser implantadas em larga escala em todos os setores de difícil descarbonização.”

As metas são consideradas ambiciosas por muitos que duvidam do plano da UE e os resultados de um inquérito recente parecem vir dar-lhes razão. Segundo divulgou a ACER – Agência para a Cooperação dos Reguladores de Energia, dois terços das redes de gás natural na Europa não têm condições técnicas para poderem receber hidrogénio e 65% dos reguladores inquiridos, incluindo a ERSE em Portugal, denunciaram a inexistência de condições técnicas, de momento, para a injeção de hidrogénio nas suas redes de gás.

Convictamente contra é a posição de Luís Mira Amaral, Abel Mateus e cerca de 30 outras figuras ligadas à SEDES e que divulgaram um manifesto onde denunciam que a mais-valia intrínseca do projeto do hidrogénio “aparece como meramente instrumental dos objetivos da descarbonização e da transição energética e que poderá consumir substanciais fundos europeus, o que não é compatível com a utilização desses fundos para apoiarem projetos que promovam a dinamização e modernização da estrutura produtiva, com uma equilibrada partilha de riscos entre o sector privado e o sector público”.

Por cá, a estratégia nacional para o hidrogénio (EN-H2 Estratégia Nacional para o Hidrogénio) terminou a fase de consulta pública a 6 de julho e o Governo promete investimentos de 7 mil milhões de euros num cluster de hidrogénio verde até 2030. Veremos. Como lembra o “Financial Times” no editorial citado: “Já houve muitas falsas madrugadas para o hidrogénio”.

 

O Governo adotou parte da iniciativa proposta pelo CDS-PP e tornou obrigatória a apresentação de testes nos aeroportos para quem viaja oriundo de pouquíssimos países considerados como de potencial risco no contexto da pandemia. A proposta do CDS era muito mais abrangente em termos de segurança. Esta posição tímida do Governo peca por tardia e não gera confiança interna e externa.

 

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