Bruxelas vai decidir no início de 2024 se o terceiro gasoduto entre Portugal e Espanha vai ter direito a fundos europeus, segundo a REN, a promotora nacional do projeto.
Numa primeira fase, a Comissão Europeia publica em novembro a sua proposta de Projetos de Interesse Comum (PIC). Depois, o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu têm dois meses (dezembro e janeiro) para se oporem à lista, ou podem pedir uma extensão de dois meses para tomarem uma decisão. Se não se opuserem à lista (não podem pedir alterações à mesma), os projetos têm luz verde (isto é, financiamento para estudos e construção) para poderem avançar.
Se for aprovado, a REN aponta que o início da construção terá lugar a partir de 2026, entrando em funcionamento em 2030.
O projeto para o gasoduto de hidrogénio verde com Espanha representa um investimento superior total a 400 milhões de euros. As contas foram feitas pela REN – Rede Energética Nacional que concluiu que a inteligação entre Celorico da Beira e Zamora (CelZA) tem um custo total de 204 milhões, mas adaptar o resto da rede para que este hidrogénio chegue à raia tem um custo adicional de 210 milhões de euros, com este projeto a ser conhecido por Eixo H2 (Cantanhede-Figueira da Foz e Cantanhede-Mangualde-Celorico da Beira-Monforte).
“O projeto H2Med/CelZa (ou simplesmente “CelZa”) irá potenciar o desenvolvimento de um dos principais corredores de hidrogénio via Mediterrâneo do plano REPowerEU, através da construção de uma interligação de transporte de hidrogénio com 248 km, incluindo ca. 162 km do troço português compreendido entre Celorico da Beira e Vale de Frades, com uma capacidade de transporte de 81 GWh/d bidirecional”, explica a REN no Plano de Desenvolvimento e Investimento da rede nacional de transporte de gás natural (PDIRG 2023), que esteve em consulta pública este ano.
“Além da interligação CelZa, o projeto global inclui o Eixo Nacional de Transporte de Hidrogénio (“ENTH2”) constituído por uma nova linha Figueira da Foz (c/possibilidade de ligação ao AS do Carriço) – Cantanhede, bem como os gasodutos existentes Cantanhede – Mangualde, Mangualde – Celorico da Beira e Celorico da Beira – Monforte, a converter para o transporte de H2 a 100%”, acrescenta.
A empresa liderada por Rodrigo Costa adianta que o “o custo estimado global é de 414 milhões de euros, sem subsídio de fundos da União Europeia, nomeadamente do Connecting Europe Facility, repartido por 204 milhões e 210 milhões para o CelZa e ENTH2, respetivamente, com data pretendida para entrar em operação de 1 de janeiro de 2030”.
Este gasoduto está inserido no projeto H2MED, um gasoduto de hidrogénio que vai ligar a Península Ibérica a França e à Europa Central. A REN, a espanhola Enagás, e as francesas GRT Gaz e Teréga são os promotores nos respetivos países.
Em julho, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) defendeu que o gasoduto de hidrogénio verde com Espanha só deve avançar se o projeto tiver financiamento europeu.
“A preparação das redes e de outras infraestruturas de hidrogénio deve ser comparticipada por fundos de apoio para melhor preservar a competitividade. O projeto tripartido entre Portugal-Espanha-França deverá aguardar” por ser declarado “projeto de interesse comum”. Se não acontecer, “o projeto deverá ser suspenso”, aguardando “condições de viabilidade evidentes”, segundo Armindo Monteiro, presidente da CIP, em discurso durante o Fórum Portugal-Espanha para a Descarbonização em julho.
A empresa liderada por Rodrigo Costa anunciou hoje que o gestor da rede de transporte de gás alemão Open Grid Europe (OGE) vai integrar o projeto.
Recorde-se que o H2MED inclui o pipeline de hidrogénio entre Celorico da Beira e Zamora, e uma ligação marítima entre Barcelona e Marselha.
“O H2MED é um exemplo claro de cooperação e multilateralismo entre países vizinhos com um objetivo comum – a descarbonização da Europa. Entre os benefícios deste projeto estão a promoção do desenvolvimento industrial, com elevado grau de inovação, a redução das emissões e o desenvolvimento das energias renováveis, bem como a criação de emprego e a promoção de uma transição justa”, disse a REN em comunicado.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com