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Hidrogénio vai acelerar transição energética na União Europeia. Estratégia de Portugal é “um bom exemplo”

As duas novas estratégias do Pacto Ecológico Europeu refletem-se num novo programa de investimento em hidrogénio e em infraestruturas mais ‘verdes’. O vice-presidente executivo da Comissão Europeia olha para a reconversão da central termoelétrica de Sines como um exemplo a seguir.
8 Julho 2020, 14h14

A Comissão Europeia apresentou esta quarta-feira um novo elemento do Pacto Ecológico Europeu (Green Deal): a estratégia europeia de integração do setor energético e a estratégia da União Europeia (UE) para o hidrogénio, ambas com o objetivo de tornar o bloco europeu neutro em carbono até 2050.

Durante a conferência de imprensa, realizada esta manhã, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia Frans Timmermans referiu que a produção de hidrogénio verde pode ser a solução para acelerar a transição energética na Europa e olha para o Portugal como um dos primeiros Estados-membro da UE (juntamente com a Holanda e a Alemanha) a apresentar uma Estratégia Nacional para o Hidrogénio, fazendo referência à reconversão da central termoeléctrica de Sines.

“A estratégia do Governo de Portugal para o hidrogénio verde parece-me extremamente positiva. O plano que vi é audacioso e orientado para o futuro”, referiu o responsável pela pasta do Clima ao jornal “Público”, relembrando que Portugal propõe chegar aos 2 gigawatts (GW) de capacidade instalada de electrolisadores em 2030.

Questionado sobre se o projeto de Sines poderá ser candidato ao financiamento do Fundo de Transição Justa, Timmersman defende que é “um bom exemplo”. “O fundo é uma oportunidade para que regiões como Sines, que precisa de se reconverter do carvão, possa beneficiar da infra-estrutura existente para entrar na economia do hidrogénio”, salienta o vice-presidente ao mesmo jornal.

A nova estratégia da Comissão Europeia passa agora e promover a integração do hidrogénio num sistema global de energia mais eficiente e circular, através do seu armazenamento e distribuição para o uso “doméstico”, industrial e no sector dos transportes. Para isso, a nova estratégia prevê aumentar em seis vezes a capacidade de produzir hidrogénio renovável até 2024, reduzindo os custos do combustível e a emissão ambiciosa de de CO2 em comparação com o hidrogénio de origem fóssil. Para isso, a iniciativa prevê a capacidade de instalar electrolisadores de 6 GW nos próximos quatro anos.

Entre 2025 e 2030, a Comissão Europeia espera ter pelo menos 40 GW de eletrolisadores de hidrogénio renováveis ​​e a ter a capacidade de produção de até dez milhões de toneladas de hidrogénio renovável na UE.

Por fim, entre 2030 a 2050, as tecnologias renováveis ​​de hidrogénio devem atingir maturidade suficiente para serem implantadas em larga escala em todos os setores de difícil descarbonização.

“O que precisamos para que o hidrogénio seja uma fonte de energia e instalação de armazenamento bem-sucedida no futuro é: manter a produção esteja dentro da faixa de preço, precisamos de infraestruturas  de distribuição e armazenamento, e queremos garantir que existe um verdadeiro mercado”, afirmou Frans Timmermans durante a conferência. “Com nossa estratégia, queremos estimular os três”, frisou.

Para criar as condições para o aumento da procura, Bruxelas também lançou hoje uma nova Aliança Europeia para o Hidrogénio Limpo, onde se vão juntar as autoridades nacionais, os representantes da indústria e da sociedade civil e o sector financeiro (através do Banco Europeu de Investimento). A ideia é que esta aliança permita avaliar os melhores projetos e identificar as oportunidades de investimento.

Atualmente, o hidrogénio é responsável por menos de 1% do consumo de energia da Europa e é usado principalmente como matéria-prima no setor químico. A viabilidade da tecnologia limpa está a melhorar, à medida que o custo de energia renovável continua a cair, o preço do carbono atinge cifras recorde e o sentimento de emergência climática continua a aumentar.

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