Para a Comissão Europeia é, também, a data para atingir os objetivos traçados pelo Pacto Ecológico Europeu. E agora, o que devemos fazer?

Controlar as mudanças é uma preocupação fundamental. O chip do computador já mudou a maneira como nós nos relacionamos e comunicamos. As TIC revolucionaram a maneira como nos movemos e interagimos. A disseminação de dispositivos integrados Cloud Computing,  IoT, BIG DATA e IA acrescentaram valor à gestão de infraestruturas. Novas realidades sociais, novas inovações políticas e novas formas de compromisso surgem sob o chapéu das Cidades Inteligentes.

Tal transformação digital e urbana, leva-nos a uma expansão considerável dos campos de interesse, iniciando um diálogo produtivo entre múltiplas áreas disciplinares. Neste, questiona-se como as cidades vão para além de apenas dados e sensores e como a tecnologia deve ser o facilitador da melhoria da vida quotidiana das pessoas. Emerge a necessidade de estratégias, de médio e longo prazo, e regulamentação para construir cidade que integre todos e permita um desenvolvimento sustentável como proposto pela Sociedade 5.0.  Um novo paradigma em que as Cidadãos Inteligentes devem participar no desenvolvimento de Cidades Inteligentes. Com este foco, torna-se premente debater, também, a inteligência urbana cidadã e novos modos de ativismo urbano.

O convite à discussão lançado pela Centro de Investigação WhatNEXT.Law, iniciativa conjunta da VdA e a Nova School of Law, é a oportunidade para partilhar diferentes perspetivas sobre os desafios e barreiras a ultrapassar no prospectivar as cidades do futuro.

Temas como processos de transição digital da educação, desenvolvimento de soluções urbanas inteligentes e integradas, construção de modelos preditivos que melhorem os processos de decisão das autoridades urbanas e a inteligência cívica no desenho da vida entre edifícios, confirmam a importância de uma visão estratégica e regulamentar para as cidades, em Portugal, porque são impulsionadores de mudança.

Este é o contexto ideal para uma reflexão crítica sobre a necessidade de fortalecer a liderança cívica, no momento em que é essencial pensar a cidade inteligente cada vez mais humanizada, e responsabilidade democrática para uma estreita colaboração entre governos locais das cidades e cidadãos. Significa não só os governos gerirem eficientemente as suas infraestruturas mas serem, também, mais interativos e ágeis, com o desenho do bem comum, atendendo às necessidades e capacidades do coletivo local de abordar de forma equitativa e eficaz problemas compartilhados. Só, assim, é possível melhorar as condições de vida das cidades até 2050. E, para alcançar este objetivo, devemos fazer parte de uma inteligência urbana cidadã ou inteligência cívica como defende Douglas Schuler.

Devemos ter um papel a desempenhar no processo de abordar os problemas e incorporar ecossistemas vivos socialmente dirigidos por meio de sistemas (tanto bottom-up como top-down), recursos urbanos (espaciais, sociais, económicos e infraestruturais, bem como políticos ou cognitivos), e oportunidades de transformações (endógenas ou exógenas) na estratégia e normativa de cocriação de políticas e serviços das cidades inteligentes.