No final do ano passado começaram a ser conhecidos relatos preocupantes. A revista americana “Foreign Policy” noticiava que havia razões para “entrar em pânico” devido a “um surto de peste na China” (16/11/2019).
Por cá, o “Expresso” revelava que a conhecida “peste negra” acabava de regressar a território chinês, tendo sido registados três casos num só mês; o último havia sido contagiado após ingerir um animal infectado (18/11/2019). Outras publicações davam nota de que o problema havia sido reportado tarde à OMS (02/12/2020).
Pouco tempo depois surgiram várias notícias sobre o vírus que hoje nos assola. Por exemplo, o “South China Morning Post” (jornal de Hong Kong) referia a existência de um “misterioso surto de pneumonia viral na cidade de Wuhan” que provocava “sintomas semelhantes ao SARS e à gripe aviária” (31/12/2019).
Por seu turno, a Reuters afirmava que “as autoridades de saúde chinesas estavam a investigar 27 casos de pneumonia viral na cidade de Wuhan” (31/12/2020). E ao mesmo tempo que travava o combate com o novo coronavírus, a China voltava a deparar-se também com um surto de gripe das aves (02/02/2020).
Haverá alguma relação entre o problema que começou em Wuhan (e que hoje nos faz estar trancados em casa) e os casos (felizmente escassos) de peste negra e de gripe das aves? Não sabemos. Mas sabemos que num mundo cada vez mais global estão a aparecer graves problemas de saúde pública. O que nasce lá ao longe pode cá chegar em muito pouco tempo, produzindo resultados verdadeiramente devastadores. Esta realidade exige que as nações actuem de forma responsável.
No momento em que escrevo este artigo, Portugal já perdeu quase 1.000 vidas devido à Covid-19, o principal drama de tudo isto. Vale a pena recordar as sábias palavras de Bill Gates: “Bringing the economy back… that’s more of a reversible thing than bringing people back to life”.
É por isso fulcral aprendermos com esta página de má memória. Desde logo impõe-se mais investimento no SNS, quer ao nível de pessoal, quer ao nível de materiais e equipamentos. Já o sector privado, não deve esquecer aquilo que aprendeu.
A título de exemplo, o teletrabalho – adoptado em várias organizações – deve continuar a existir criando-se modalidades mistas (com actividades presenciais e não presenciais). Por outro lado, faz sentido que as empresas mantenham a sua aposta em serviços como o home delivery. Já os hábitos de higiene, recomendados às famílias pelas autoridades de saúde, têm de ser mantidos.
A melhor forma de honrar aqueles que caíram é estarmos melhor preparados da próxima vez.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.