[weglot_switcher]

Houve 107 interessados em comprar créditos do Novo Banco. Nove apresentaram ofertas vinculativas

As quatro grandes operações de venda de créditos incobráveis pelo Novo Banco — “Nata I”, “Nata II”, “Albatros” e “Cannas” — atraíram nove ofertas vinculativas. Todas foram vendidas abaixo do valor contabilístico líquido e estavam parcialmente cobertas pelo mecanismo de capital contingente.
António Ramalho, Novo Banco
2 Setembro 2020, 12h59

Foram quatro as operações de vendas de crédito que mais relevância tiveram na redução do rácio de NPL do Novo Banco que, em 2017, atingia os 33%, sendo, neste indicador, o quinto pior banco europeu. Foram elas as operações “Nata I”, “Nata II”, “Albatroz” — que também reuniu ativos imobiliários — e “Cannas”, e todas foram vendidas abaixo dos respectivos valores contabilísticos líquidos.

Ao todo, a venda destas carteiras de créditos incobráveis, somaram 107 interessados, mas apenas nove apresentaram ofertas vinculativas.

Em conferência de imprensa que se realizou esta quarta-feira, António Ramalho, CEO do Novo Banco, explicou que estas vendas tiveram “o objetivo de reduzir as carteiras não produtivas e tiveram sempre o mesmo processo”.

O CEO salientou que o banco assumiu “o compromisso de vender o legado tóxico, o banco vende porque deve, sujeito aos melhores controlos adequados”.

“Todas as vendas de portefólio não foram feitas debaixo da mesa, visando maximizar o preço do mercado, sujeitas ao escrutínio dos reguladores. Adicionalmente para o Novo Banco, em todos os casos em que haviam ativos do pacote de ativos tóxicos, era preciso autorização do Fundo de Resolução, e em todos estes casos temos um elevadíssimo nível de escrutínio”, frisou António Ramalho.

Nos processo de venda de créditos improdutivos, o presidente executivo do Novo Banco explicou que foram utilizados “os melhores advisors” e foram desenvolvidos programas organizados “para obter o melhor preço”.

O projeto “Nata I”, vendido por 505 milhões de euros ao KKR Credit Advisors e LX Investment Partners II, uma diferença de 110 milhões de euros face ao valor contabilístico líquido, foi coberto em 92% pelo mecanismo de capital contingente (CCA), que tem um tecto máximo de 3,89 mil milhões de euros e que cobre perdas decorrentes das vendas de determinados ativos tóxicos que o Novo Banco herdou do Banco Espírito Santo e que tem de alienar no âmbito do processo de reestruturação do balanço, que se iniciou em 2017 e termina este ano.

Este foi o projeto de venda de créditos que mais interessados apresentaram ofertas vinculativas: 3.

O investidor Davidson Kempner, que tem cerca de 34 mil milhões de dólares em ativos sob gestão, comprou o “Nata II” por 157 milhões de euros, menos 79 milhões face ao valor contabilístico líquido. Este portefólio de créditos incobráveis tinha uma cobertura pelo CCA de 84%.

O projeto “Albatros” foi vendido à Waterfall Asset Management. O preço da operação atingiu os 99 milhões de euros, 68 milhões de euros abaixo do valor contabilístico líquido e foi coberto pelo CCA em 75%.

A Waterfall Asset Management também comprou o projeto “Cannas” por 14,5 milhões de euros, um preço que ficou dez milhões de euros abaixo do valor contabilístico, e que teve uma cobertura de 29% pelo CCA.

Nestas últimas três operações, foram até à fase antes das respetiva vendas, dois interessados que apresentaram ofertas vinculativas.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.