A senhora francesa presidente da TAP já anunciou que o caos do cancelamento de voos, que se irá manter nas próximas semanas, não é apenas um problema português, é europeu, mas sentimos na pele a imagem que passamos quando tão dependentes estamos do turismo.

Curioso é que, como os caros leitores sabem, quando há uma crise ou um acontecimento grave em determinado sector, o ministro da tutela aparece, visita o local, dá a cara, cria a percepção ou vai agilizar tudo para que o problema se resolva. Ora, parece que o ministro da TAP e dos aeroportos é fã de Chuck Norris e veste o fato do “Desaparecido em Combate”, pois o rosto dele saiu de cena desde que na semana passada foi completamente desautorizado pelo primeiro-ministro.

Pedro Nuno Santos, depois do triste espectáculo do qual foi protagonista, como gosta de ser, já nem devia ser ministro. Basta pensar-se na reacção de Marcelo Rebelo de Sousa – que naturalmente o queria ver demitido – e a primeira em Madrid de António Costa, onde se notou que sofreu um golpe duro, que não estava à espera, para perceber que esta orquestra tem um solista que foge à batuta do maestro e que, com o seu ego, provoca o caos na ordem pretendida.

Porque não houve erro de comunicação nenhum, isso foi a desculpa esfarrapada do ministro que teve de humilhar para continuar no Executivo. Ele decidiu, e após publicação do diploma montou uma operação de gabarolice mediática que o levou a um rodízio de entrevistas na comunicação social. A opção dual, Montijo e Alcochete, era sua. O problema é que não a comunicou a São Bento e a Belém, nem ouviu o líder da oposição, para um consenso alargado como António Costa bastas vezes pediu.

Mas a humilhação-mor veio com as localizações apregoadas. Porque, ao perguntarem ao primeiro-ministro se a solução de Pedro Nuno Santos era a que o Governo colocaria na conversa com o futuro líder do PSD, Luís Montenegro, Costa arrasou o ministro ao afirmar que há “N soluções” possíveis, abrindo um caminho que o ministro achava fechado no seu despautério de quem decidiu sozinho. Assim se teve de reduzir a copas, ficar calado e, a partir de agora, aprender a ser um menino bem comportado, de preferência menino de coro e com a sua rebeldia amordaçada.

O pedido de desculpas de Pedro Nuno Santos, gesto à Egas Moniz, tem pouco de nobre. Mais. É preocupante, porque não sabemos o estado da sua coluna vertebral, que para a percepção pública deixa laivos de ser composta também por plasticina.

Ao fim de três meses de Governo de maioria absoluta é preocupante a descoordenação e sensação de que, quando o patrão está fora é dia santo na loja, como o que aconteceu na trágica quinta-feira negra na imagem do Executivo.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.