A inteligência artificial (IA) é cada vez mais ubíqua – está em todo o lado. Nas notícias. Nas conversas de café. Nos discursos políticos. Nos planos de investimento. Mas se há algo que salta à vista é o desfasamento entre o entusiasmo que se vê e a realidade no terreno. Apesar da curiosidade em torno do tema – e da vontade expressa por muitos empresários e gestores em tirar partido da IA – a verdade é que a maioria das empresas continua sem saber por onde começar.
Os dados mais recentes do Eurostat (2024) são claros: em Portugal, apenas 8,6% das empresas com mais de 10 colaboradores usam alguma forma de IA. A média europeia está nos 13,5%. Não é apenas uma estatística — é um sinal de alarme. A IA já não é uma promessa distante. É uma ferramenta real, disponível e transformadora. E quem não a começar a explorar agora está, simplesmente, a ficar para trás.
Mais do que uma moda, a IA é hoje um fator de competitividade. Ignorá-la é abrir mão de oportunidades concretas de eficiência, inovação e crescimento. E este não é apenas um desafio nacional. A Europa como um todo tem vindo a perder terreno face a potências como os EUA e a China. Menos inovação, menos investimento em tecnologia, menos capacidade industrial.
O recente Relatório Draghi sobre a competitividade europeia traça uma rota clara para inverter o rumo: investir mais em I&D, apoiar a transferência de tecnologia das universidades para as empresas, criar ecossistemas regionais de inovação, melhorar infraestruturas digitais e preparar as pessoas para lidar com tecnologias como a IA. A questão não é se as empresas devem adotar IA, mas como – e quando. E a resposta é: já.
O Fórum Económico Mundial, no relatório “AI in Action: Beyond Experimentation to Transform Industry”, reconhece que muitas empresas estão presas em fases piloto. Testam, experimentam, mas não escalam. E sem escala, não há impacto. O que falta? Estratégia, contexto, confiança, dados de qualidade, governança ética, cibersegurança robusta. E acima de tudo, pessoas preparadas.
É precisamente aí que entra a Academia. Na NOVA IMS, temos trabalhado para criar essas condições. Através dos nossos cursos – licenciaturas, mestrados, pós-graduações e formação para executivos – estamos a formar uma nova geração de profissionais preparados para liderar com inteligência artificial. E não só: através dos NOVA Analytics Labs, os nossos laboratórios de aplicação prática, desenvolvemos projetos reais com empresas e organizações públicas. São mais de 50 parcerias estratégicas que demonstram como a ciência de dados e a IA podem, de facto, resolver problemas concretos – com impacto.
A transformação digital não acontece por decreto. Acontece com conhecimento, com estratégia, com compromisso. Tanto a nível nacional como europeu, estão a surgir iniciativas importantes: desde as AI Factories (sete centros de referência europeus) até à Estratégia Nacional de Inteligência Artificial. Mas nenhuma política será suficiente se não existir uma ponte real entre quem gera conhecimento e quem o aplica. A Academia tem, aqui, uma responsabilidade inegável: preparar talento, desenvolver soluções e apoiar o tecido empresarial nesta transição crítica.
A IA não pode continuar a ser apenas uma buzzword. Tem de ser prática real.
O futuro vai pertencer a quem conseguir integrá-la com visão, responsabilidade e coragem. E quem continuar a adiar essa integração… pode simplesmente não ter lugar nele.