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IA vem combater a economia paralela? “Isso é uma anedota”, diz Sindicato dos Impostos

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) considera que a intenção avançada pelo Governo de recorrer a ferramentas de Inteligência Artificial na Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) para fazer inspeção “é, neste momento, uma anedota”. STI diz que problemas estruturais da organização continuam sem resolução e admite todas as formas de luta.
13 Setembro 2024, 15h05

O Ministério das Finanças avançou esta semana que vai dotar a Autoridade Tributária de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para ajudar a selecionar os contribuintes e as situações objeto de inspeção”. Uma medida que o Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) considera que “é, neste momento, uma anedota” e que é apresentada como uma ameaça à substituição de trabalhadores do fisco pela IA.

“A IA pode ser útil quer na AT quer em qualquer outro ramo do Estado, como por exemplo no ensino, segurança nacional ou no SNS, mas não é, pelo menos para já, uma alternativa viável para combater a economia paralela”, reage nesta sexta-feira, 13 de setembro o STI, após  a secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte, ter sinalizado esta semana a  intenção de um projeto de acomodação de IA na administração fiscal, durante uma audição da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP), no Parlamento.

Segundo a governante, s ferramentas de IA podem “vão ser muito importantes na administração tributária porque vão permitir uma melhor construção das matrizes de risco e dos critérios de risco para depois selecionar os contribuintes e as situações objeto de inspeção”.

O STI dá agora conta, em comunicado, que a reunião do Governo com os sindicatos no passado dia 9 de setembro “correu muito mal” e acusa: “agora estão a querer dizer aos trabalhadores: não se queixem, senão substituímos-vos pela IA”.

Vaticinando que esta é uma medida que pode demorar anos até ser uma realidade, o presidente do STI, Gonçalo Rodrigues, traça o diagnóstico atual na AT. Realça que “os meios tecnológicos estão uma miséria” e que “qualquer projeto informático, mesmo a coisa mais simples, como um programa de digitalização de documentos, demora anos a ser implementado e, ainda assim, funciona mal quando entra em funcionamento”.

A IA vem combater a economia paralela? “Isso é uma anedota”, afirma o líder sindical.

O sindicato acredita que a utilização da IA até pode ajudar na função de selecionar os contribuintes objeto de inspeção, mas sublinha que o combate à economia paralela está fora dos Big Data a que a AT tem acesso e a IA “não conseguirá de forma alguma substituir o trabalho feito por inspetores no terreno”.

Gonçalo Rodrigues insiste que a intenção das Finanças não tem em conta a realidade do funcionamento da economia paralela, classificando-a como sendo “apenas um soundbite do Governo, para desvalorizar os trabalhadores da AT e sua missão nuclear para o Estado”.

Para o STI, os problemas estruturais da organização continuam sem resolução, lamentando a estrutura sindical não serem “uma prioridade governamental”. Assim, avisa:” estamos sempre prontos para o diálogo e para fazer propostas construtivas, mas teremos de dar todas as ferramentas possíveis aos trabalhadores da AT para mostrarem o seu descontentamento, através de todas as formas de luta legalmente possíveis”, realçando que “para este governo quem não faz barulho e quem não cria instabilidade nos serviços do Estado não merece ser valorizado”.

 

 

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