O vice-presidente da Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários (ANAI) admite que a pandemia está a ter um efeito diferente nas várias áreas de atuação dos peritos avaliadores, com algumas a registarem quebras e outras uma maior dinâmica.
“Perante um leque tão diversificado de áreas de intervenção [dos peritos avaliadores] é natural que a pandemia não se sinta de igual forma. Há áreas onde a pandemia veio criar uma dinâmica menor, outras em que veio criar uma maior dinâmica”, precisou o vice-presidente da ANAI, José Franco de Araújo, à Lusa.
Neste contexto, e tendo em conta também o facto de já existirem várias vacinas contra a covid-19 cujos efeitos, refere “mais cedo ou mais tarde começarão a sentir-se”, acredita que “em termos de trabalho, de ocupação dos peritos avaliado”, “não haverá, em média um grande impacto”.
José Franco de Araújo ressalva, contudo, que haverá profissionais, nomeadamente “aqueles que fundamentalmente têm trabalho para instituições de crédito – e são muitos”, que “deverão sentir um maior efeito”.
A área de atuação dos peritos avaliadores é vasta, com os seus serviços a recaírem sobre avaliação de casas para efeitos de crédito hipotecário ou tributário, análise de projetos de investimento, partilhas judiciais ou extrajudiciais, penhoras, insolvências, atualização de ativos para efeitos contabilistas ou apoio à decisão de oportunidades de negócio.
É na vertente de avaliação de ativos mobiliários que a ANAI está a disponibilizar um ebook, no âmbito do projeto ‘High Value’ sobre a Avaliação de Máquinas Equipamentos e Instalações Técnicas Industriais direcionado a Peritos Avaliadores.
Na prática este ebook define uma série de preceitos que o avaliador deve seguir na avaliação de máquinas e equipamentos, uma área de atividade que tem registado um significativo crescimento, e que vem preencher uma lacuna na sistematização de preceitos e de informação que existia não só em Portugal, mas mesmo a nível europeu.
“Em sede de disputas judiciais, de atualização de ativos nas empresas, a necessidade de avaliar equipamento e máquinas está a ser cada vez mais necessária”, precisou o vice-presidente da ANAI, salientando que o ebook surge como “uma manual que, quem se dedica a este tipo de avaliação, deve passar a ter”.
O pioneirismo e qualidade do trabalho – produzido pelos associados da ANAI Ana Caldeira Martins e Paulo Caldeira Martins – levaram a Tegova (um grupo europeu que reúne sete dezenas de associações de avaliadores de 37 países) a convidar os dois autores para participarem num grupo de trabalho formado com o objetivo de criar o seu pilar em matéria de avaliação de máquinas e equipamentos.
Um convite que, precisa o vice-presidente da ANAI, “mostra o pioneirismo do trabalho português”.
Este ebook insere-se no projeto ‘High Value’, promovido pela ANAI, e que pretende ser uma “alavanca para o incremento de competências profissionais e empresariais no âmbito do setor”.
O ‘High Value’ é financiado pelo Compete 2020, tendo um investimento de cerca de 280 mil euros, 230 mil euros dos quais não reembolsáveis, estando previsto o lançamento de mais ebooks, cujos temas não foram ainda divulgados.
Atualmente há cerca de 1.500 profissionais registados na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), sendo que cerca de metade são associados da ANAI, segundo precisou José Franco de Araújo.
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