“Unida na diversidade” é o lema da União Europeia. Um lema que já seria bom se tivesse aplicação em cada um dos Estados-membros individualmente considerados. A Alemanha e a Franca debatem-se com instabilidade política, estagnação económica e fragmentação social – o risco de desintegração europeia é, sejamos francos, cada vez mais palpável.

Ursula von der Leyen, pressionada por uma economia debilitada e pelo aumento da contestação na frente interna, e por uns EUA mais hostis e disruptivos, procura anunciar apressadamente medidas que vão ao encontro dos anseios gerais, de que a Europa está a perder competitividade de forma acelerada. São exemplos o anúncio da simplificação do aparato regulatório e legislativo associado ao Green Deal e da iniciativa InvestAI, que promete injetar cerca de 200 mil milhões de euros no desenvolvimento de infraestrutura crítica para relançar a competitividade europeia nesta matéria.

No campo da política de segurança e defesa europeia não se vislumbram avanços, para além da necessidade de garantir um maior investimento no âmbito da NATO. Mais preocupante, contudo, é não existirem grandes novidades em matéria de reforma do governance das instituições europeias. A Europa precisa de acelerar os processos de decisão e garantir liderança decisiva e agilidade na alocação de recursos.

As recomendações apresentadas no já famoso Relatório Draghi parecem ter encontrado eco na Comissão, mas a lentidão da Europa é notória. A implementação de recomendações específicas por país no contexto do Semestre Europeu, emanadas pela Comissão Europeia e aceites pelo Conselho Europeu, é historicamente reduzida. Uma análise do think-tank europeu Bruegel mostra que os Estados-membros continuam lentos na adesão às recomendações de política da União Europeia (UE), sobretudo em áreas sensíveis.

Das 63 áreas de política, a implementação relativa a 2022-23 era de pouco mais de 40% em média para os países da UE. Em todas as áreas de política críticas não houve praticamente progressos face a 2020, nomeadamente, em investigação, desenvolvimento e inovação. Este exemplo relativo às recomendações específicas demonstra que a Europa tem dificuldade em influenciar as opções políticas dos Estados-membros, que olham para a Europa como uma fonte de financiamento, mas depois seguem as suas agendas internas.

Até que ponto conseguiremos desenvolver uma indústria de inteligência artificial efetiva, dada a dificuldade em influenciar e coordenar políticas? A Europa mostra-nos que a diversidade precisa de valores comuns e de lideranças extraordinárias para resultar. Caso contrário, a diversidade gera paralisia, e será cada um por si.