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Inapa: Conselho de Administração apresenta renúncia e fala em “efeito devastador” da decisão da Parpública

Em comunicado à CMVM, os administradores da Inapa explicam o processo que levou o Conselho de Administração a apresentar a renúncia.
Inapa
Jonathan Drake/Bloomberg
25 Julho 2024, 18h16

O Conselho de Administração da Inapa comunicou à CMVM a renúncia de todos os sus membros esta quinta-feira, uma decisão que de acordo com este órgão, “surge após repetidas tentativas infrutíferas por parte da Inapa de obter o apoio do seu principal acionista, a Parpública, para diversas soluções alternativas de reforço de capital, apesar do apoio de outros stakeholders”.

Explica estes administradores que desde início de 2020 que a administração da Inapa apresentou junto da Parpública (enquanto
maior acionista) “diversas alternativas de capitalização, envolvendo sempre outros acionistas de referência” e que “após três anos de apresentação de diversas propostas alternativas devidamente fundamentadas, não foi possível avançar com qualquer solução por indisponibilidade da Parpública, comunicada à Inapa em janeiro de 2023”.

Detalham os administradores que a Inapa retomou contactos com Parpública para “apoiar uma restruturação da empresa, com base num empréstimo de médio e longo prazo de 15 milhões de euros. Para esta restruturação, os principais bancos da Inapa contribuiriam com uma significativa redução da dívida (haircut). Ao longo deste período, a Inapa alertou a Parpública, enquanto maior acionista, para a necessidade
premente de uma solução de capitalização que permitisse à Inapa apoiar as suas operações”.

Assim e na “ausência de uma solução estrutural, e face às estritas regras sobre prazos de pagamento vigentes na Alemanha”, explicam os administradores que a Inapa “viu-se forçada em julho a solicitar aos seus acionistas de referência – Parpública, Nova Expressão e Novo Banco – um empréstimo de muito curto prazo a ser integralmente reembolsado até outubro de 2024”.

Assim, o montante global solicitado aos acionistas ascendeu a 12 milhões de euros e no entender destes administradores “era crucial para resolver a carência de tesouraria sazonal da Inapa Deutschland e assim evitar a sua insolvência”.

Em tom de crítica à Parpública, o Conselho de Administração da Inapa revela como era conhecimento do maior acionista da Inapa “a inexistência do apoio de tesouraria acima referido resultaria na declaração de insolvência na Alemanha, atendendo às estritas regras sobre prazos de pagamento vigentes na Alemanha, e no inevitável e imediato contágio à Inapa IPG e consequentemente a todo o Grupo Inapa”.

Além disso, explicam os administradores que a Parpública foi sensibilizada para a circunstância de que a insolvência súbita, mas
absolutamente evitável, acima referida, teria o efeito devastador numa empresa nacional com ações admitidas a negociação, que é, ademais, um dos principais distribuidores de papel europeu.

“Tendo a decisão da Parpública sido tomada com plena consciência das consequências”, revela o Conselho de Administração ter entendido que “deixaram de subsistir condições para manter as funções para as quais tinha sido eleito (sob proposta da própria Parpública), não restando alternativa senão apresentar a sua renúncia”.

“O Conselho de Administração está ciente das dificuldades e preocupações que esta situação causa aos nossos colaboradores, clientes, fornecedores e demais stakeholders, e continuará a trabalhar para no mais curto espaço de tempo possível apresentar a Inapa à insolvência, continuando a explorar todas as possíveis soluções para mitigar os impactos desta crise e assegurar uma comunicação transparente ao longo deste processo”, concluem os administradores.

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