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Incerteza global leva ouro a repetir máximos históricos acima dos 3.120 dólares

As negociações por aquele minério regressaram a máximos históricos nesta segunda-feira, fruto das mais recentes tarifas anunciadas por Donald Trump. As negociações subiram mais de 18% desde o início do ano e superaram, pela primeira vez, os 3.120 dólares por onça, a beneficiar de aquele ser visto como um ativo de refúgio.
Nesta sala estão mais de 13 mil lingotes de ouro
1 Abril 2025, 07h00

O ouro continua em forte alta, como vem sendo hábito nos últimos anos, mas de forma particular em 2025. Referenciado pelos mercados como reserva de valor, valorizou mais de 18% desde o início do ano e superou esta segunda-feira, 31 de março, os 3.120 dólares por onça. Na origem dessa valorização estão vários fatores, a começar pela incerteza económica vivida à escala global, potenciada no período mais recente pelas tarifas dos EUA.

Se o ouro mostrava volatilidade até ao período pós-pandémico, foi no terceiro trimestre de 2023 (quando era negociado em torno dos 1.850 dólares) que tudo mudou. Aquele minério assumiu, de forma definitiva, uma trajetória ascendente que parece não conhecer fronteiras, pulverizando máximos históricos de forma sucessiva.

A contribuir para esta subida está, sobretudo, a incerteza económica em vários países. Vários sinais deixam os investidores em alerta e beneficiam as negociações do ouro.

Por um lado, o enfraquecimento das economias da zona euro, a começar pela recessão que se fez notar na economia mais forte daquele espaço, a da Alemanha, em 2023 e 2024. A isto soma-se a desaceleração da economia chinesa, cujo crescimento de 5,4% no quarto trimestre de 2024 superou largamente, ainda assim, os 4,6% do trimestre anterior (pior registo desde o quarto trimestre de 2022).

Ao mesmo tempo, os bancos centrais de vários países reforçaram as suas posições no mercado nos últimos anos, ao aumentarem as reservas de ouro. Este fator é particularmente notório no caso da China, cujo banco central tem registado compras na ordem das 40 toneladas por mês.

Porém, é na guerra comercial que se centra o mais recente foco de valorizações do ouro.

Tarifas comerciais de Trump alavancam negociações

As tarifas já impostas pela administração liderada por Donald Trump, a par das que entrarão em vigor nesta quarta-feira, causam fortes receios entre os investidores, que procuram o ouro como ativo de refúgio.

São vários os setores severamente afetados, e mais serão quando, a partir desta quarta-feira, forem implementadas as tarifas recíprocas prometidas pelo presidente norte-americano, assim como as tarifas de 25% sobre os carros importados para os EUA. Tudo somado, as inseguranças ganham força no que diz respeito ao plano macro, e os investidores reagem.

A valorização diária superava 1% quando foram dados por encerrados os mercados europeus, e a subida desde o início do ano era de 18,7%, fruto de uma tendência clara para os ganhos desde a vitória de Donald Trump nas presidenciais. Recorde-se que, durante a campanha para a Casa Branca, o próprio havia prometido medidas protecionistas, como é o caso destas tarifas.

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