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Independências. Cinco movimentos separatistas a ter em conta

Não é só na Catalunha que se vive o sonho independentista. De entre os mais de 50 movimentos do género atualmente ativos em todo o mundo, a Bloomberg sugere cinco que devemos ter ‘debaixo de olho’.
9 Outubro 2017, 14h38

Os separatistas catalães reclamam vitória no referendo do passado dia 1 de outubro, considerado ilegal pelo Governo espanhol, e a atenção dada a este movimento reacendeu as esperanças separatistas um pouco por todo o mundo. Habitualmente assentes em diferenças étnicas, linguísticas ou por diferendos económicos, alguns movimentos independentistas são bem-sucedidos, especialmente se o grupo estiver preparado para a guerra, como aconteceu com o Sudão do Sul ou Timor Leste, mas habitualmente acabam em acordos negociados entre o movimento e o governo de onde se querem separar. Com mais de 50 movimentos independentistas existentes atualmente em todo o mundo – segundo Ryan Griffiths, autor do livro “A Era da Secessão: Determinantes Internacionais e Domésticos do Nascimento de Estados”, em tradução livre – a Bloomberg elenca cinco outros movimentos separatistas a ter em conta.

Escócia
Este é um dos movimentos independentistas mais proeminentes da Europa. Em 2014, um referendo deu a vitória à manutenção no Reino Unido por 55% contra 45% dos votos, mas ao invés de o problema acabar, os nacionalistas cresceram, em força e em número. Depois de o Reino Unido ter votado a favor do Brexit, a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, usou o facto de os escoceses terem escolhido ficar na UE para lançar um novo referendo independentista. O Governo central recusou e as sondagens apontam para que o movimento não tenha mais apoio do que em 2014. A Escócia tem o seu próprio sistema legal, bem como um Parlamento, que controla a Educação, os Transportes e a Saúde, podendo ainda alterar alguns impostos.

Transnístria
O autoproclamado estado da Transnístria localiza-se entre a Ucrânia e o rio Dniester, sendo que as Nações Unidas consideram este território como parte da Moldávia. A separação aconteceu em 1992, depois do colapso da União Soviética e de uma breve guerra, em que morreram 700 pessoas. A Transnístria tem forças armadas próprias, bem como polícia, moeda e governo. A maioria dos seus meio milhão de cidadãos tem nacionalidade moldava, mas muitos têm ainda passaportes russos ou ucranianos. Depois da anexação da Crimeia, o chefe do Parlamento da Transnístria pediu para aderir à federação russa, mas até agora não obteve resposta. Ainda assim, no território permanecem 1200 tropas russas. A Ossétia do Sul, a Abecásia e o enclave de Nagorno-Karabakh são as únicas entidades que reconhecem a independência da Transnístria.

Nagorno-Karabakh
A Arménia tomou controlo do enclave de Nagorno-Karabakh e de sete outros territórios do Azerbaijão na guerra de 1991-94 que causou 25 mil mortos e se seguiu ao colapso da União Soviética. Apesar do cessar-fogo entre arménios e azeris, ainda não foi conseguida a paz. As tensões estão em alta depois de um conflito de quatro dias ter eclodido em abril, o pior registado nos últimos 23 anos. Em causa está a declaração de independência da população (maioritariamente arménios) de Nagorno-Karabakh, que afirmou ainda querer fazer parte da Arménia. Este país, apesar de ajudar financeira e militarmente o território, não reconhece a sua independência, mas afirma que Nagorno-Karabakh tem direito à autodeterminação. Já os azeris afirmam que a integridade do seu território tem de ser defendida, mas não exclui oferecer mais autonomia à região.

Curdistão Iraquiano
Os curdos que vivem na região semiautónoma do norte do Iraque foram a votos no passado mês de setembro, realizando um referendo independentista que, à semelhança do que aconteceu na Catalunha, foi considerado ilegal pelo Governo de Bagdade. Cerca de 93% dos votantes revelou-se a favor da autonomia e o resultado foi o fim das transações entre a região e Bagdade e o banimento de voos para os seus aeroportos. Além de Bagdade, também a Turquia e o Irão se revelam antiautodeterminação, que acreditam possa alimentar movimentos separatistas curdos nos seus próprios países.

Mindanao
Localizada no sul das Filipinas e rica em recursos naturais, a ilha de Mindanao tem assistido ao nascimento de movimentos separatistas armados – de raiz comunista e muçulmana – desde a década de 1970, que nas suas ações já ceifaram a vida a mais de 120 mil pessoas. Os muçulmanos compõem mais de 20% da população da ilha e muitos se vêm queixando há muito de tratamento inferior por parte do Governo de Manila, que desde 1930 tem encorajado a emigração de cristãos para regiões de maioria muçulmana. Muitos dos grupos atuais derivam das secessões da Frente Nacional de Libertação Moro. No seguimento da tentativa de declarar um califado na cidade de Marawi, Rodrigo Duterte, o atual presidente, declarou a lei marcial na ilha.

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