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“Indústria gráfica vai receber em pleno a Inteligência Artificial”, revela presidente da APIGRAF

A associação conta com 2.100 empresas, emprega um total de 23 mil trabalhadores e tem um volume de negócios nos 3.100 mil milhões de euros. Se a IA parece ser uma oportunidade, o sector, que comemora este fim-de-semana 170 anos de associativismo, vê com alguma preocupação o decréscimo na indústria dos jornais e das revistas.
22 Março 2024, 15h15

A APIGRAF-Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel, vai realizar, neste fim de semana, o seu encontro anual, em Braga. O encontro deste ano está sob o mote: ‘Inteligência Artificial e Indústria Gráfica’.

O evento pretende debater o tema da IA no sector, percebendo de que forma é que esta a pode absorver. O encontro vai, também, encerrar as comemorações dos 170 anos do associativismo gráfico.

A associação conta com 2.100 empresas que empregam um total de 23 mil trabalhadores e cujo volume de negócios ronda os 3.100 mil milhões de euros.

Em entrevista ao JE, o presidente da APIGRAF, José Manuel Lopes e Castro, fala sobre os desafios que o sector enfrenta e sobre o encontro anual.

Que balanço faz do sector?

Podemos fazer um balanço positivo. O ciclo que temos analisado em 2018 e 2022 traz indicadores positivos e 2023 consolida isso. O sector teve estabilidade, crescimento é um sector maduro, ou seja, metade das empresas tem mais de 20 anos de atividade. No entanto para falar de 2023 só para o ano, porque só no final do ano é que fecham as contas.

No entanto temos 2.100 empresas ativas e 23 mil trabalhadores, o que é um valor interessante, a faturação também cresceu, o último número 3.100 milhões.

Quais os principais desafios que o sector enfrenta?

A nossa indústria trabalha para a economia. O sector agradece por termos muito turismo e muita exportação. Mas o nosso desafio neste momento é a Inteligência Artificial, tentar percebê-la. Porque ela já está instalada, já está regulamentada por Bruxelas e a indústria gráfica é uma área onde ela vai entrar. Pelo que temos visto, já percebemos que ela vai entrar em muitos conteúdos. Portanto o nosso objetivo é perceber o que é que aí vem e naturalmente adaptarmo-nos a isso.

Outras questões, é o decréscimo que se tem vindo a registar nos últimos anos na indústria dos jornais e das revistas. Por sua vez a indústria dos livros tem apresentado um bom aumento, mas o grande crescimento tem sido registado no sector das embalagens, rótulos e etiquetas. Temos visto que a escassez de matéria-prima estabilizou, juntamente com a escalada de preços, principalmente no sector da energia, que é muito necessária para o nosso sector.

O nosso desafio é o que é que vem aí de novas tecnologias, como é que o sector as vai absorver. Todas as outras preocupações que temos são transversais ao resto do país.

Como é que a tecnologia da Inteligência Artificial (IA) está a revolucionar o sector?

Ela começou a ser falada agora e é agora que nascem as preocupações. Eu penso que é a primeira vez que a Comissão Europeia lança regulamentação para as novas tecnologias.

Há empresas que já têm no seu catálogo em que quer o conteúdo, quer a produção gráfica não teve intervenção humana, como é o caso da Amazon. Isto levanta questões interessantes, de natureza de autor e preocupantes, quando temos um produto em que a IA substitui um técnico. Tudo aponta para o desaparecimento de muitos postos de trabalho e aponta para a criação de postos de trabalho. Esta criação é interessante e vai ser discutida, no entanto, ela exige formação, ninguém vai ser operador de IA sem tirar uma formação específica. Os postos de trabalho que a IA pode retirar não vão ser reconvertíveis. A indústria gráfica vai receber em pleno a IA.

Sobre o encontro anual, que se realiza nos dias 23 2 24 de março, como vai decorrer?

No nosso evento vamos ter como orador Paulo Portas, para abordar o contexto geopolítico na Europa e no mundo, focado na Influência no mundo empresarial, outro dos convidados é Jaume Casals, especialista em artes gráficas de Barcelona, e ainda vamos ter António Torres Pereira, para falar sobre sustentabilidade, novas tecnologias e inteligência artificial: os desafios atuais dos media.

Vamos apresentar um estudo da APIGRAF sobre o sector, cujo objetivo é atualizá-lo anualmente. Como em todos os encontros vamos fazer uma partilha entre os associados sobre o que se passe na economia e no país e perceber quais são os principais desafios e preocupações dos associados.

E por último, vamos encerrar as comemorações dos 170 anos do associativismo gráfico, sendo que vamos lançar um livro de dois volumes, ‘170 anos do movimento associativo gráfico’, que foi um trabalho de investigação e escrita a cargo do IHC Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

 

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