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Indústria química deve crescer até 2026 mas preços da energia comprometem competitividade do sector

O sector deve ter um crescimento global acima de 3% em 2024 e 2025, de acordo com um relatório da seguradora de crédito, Crédito y Caución.
24 Setembro 2024, 14h29

A indústria química tem sido afetada pelos preços da energia, algo que acaba por afetar a competitividade do sector. Esta é uma das conclusões de um relatório da seguradora de crédito, Crédito y Caución. Depois da crise de 2022 e 2023, a perspetiva para 2024 e 2025 é de crescimento. A seguradora de crédito refere também que o desempenho futuro do sector químico será impulsionado pela procura de materiais avançados.

“A indústria química foi uma das afetadas pela crise energética de 2022 e 2023. O sector, cuja produção necessita de matérias-primas derivadas do petróleo e de um elevado consumo de energia, sofreu uma deterioração significativa dos seus custos que não pôde repercutir nos clientes devido à debilidade da procura por parte dos sectores compradores. A produção global da indústria química desacelerou para 0,7% e 1,2%, respetivamente, e chegou a registar contrações na América e na Europa”, refere o relatório da seguradora de crédito.

O relatório da Crédito y Caución, contudo, salientou que 2024 foi um “ponto de viragem” para o sector. Isto porque prevê uma recuperação nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, “apoiada por preços de energia mais baixos e recuperação da procura, o que coloca as previsões de crescimento global para o sector acima de 3% em 2024 e 2025”.

A Crédito y Caución acrescentou que na zona euro, após a “forte contração” de 6,4% em 2023, espera-se um crescimento de 4,1% em 2024, e em 2025 a subida deve ser de 1,5%.

“A longo prazo, os preços da energia comprometem a competitividade da indústria química europeia. Nos próximos anos, a Ásia-Pacífico continuará a ser o principal motor do crescimento da indústria, seguida pelos Estados Unidos, que beneficiam da disponibilidade de gás de xisto”, considera a Crédito y Caución.

“As empresas químicas europeias enfrentarão desvantagens competitivas devido aos preços da energia na Europa, que substituiu o fornecimento de gás russo por importações mundiais de gás natural liquefeito. Prevê-se que os preços do gás na Europa permaneçam estruturalmente elevados, enfraquecendo a competitividade do sector a longo prazo face aos seus rivais norte-americanos e asiáticos. As empresas químicas europeias que não conseguem repercutir o aumento dos seus custos de produção enfrentam uma possível deterioração da sua liquidez e do seu risco de crédito”, realçou a seguradora de crédito.

A Crédito y Caución acredita que, ao nível mundial, o desempenho futuro do sector químico será “impulsionado” pela procura de materiais avançados.

“Indústrias como eletrônica, automóvel e aeroespacial geraram aumento da procura por novos materiais de alto desempenho. O aumento da produção de veículos elétricos também aumentou a procura por plásticos de alto desempenho e materiais para baterias. Por último, o aumento do poder de compra das classes médias está a impulsionar a procura de sabões e detergentes nos mercados emergentes”, sublinhou a Crédito y Caución.

Mas a seguradora de crédito crê que existem “alguns riscos” de revisão em baixa.

“Como uma indústria intensiva em energia, uma das principais é a volatilidade dos preços do petróleo e do gás. A transição para a sustentabilidade e as regulamentações ambientais também são um desafio, já que as empresas químicas enfrentarão grandes investimentos para melhorar a sua descarbonização. Por último, a indústria depende de matérias-primas de várias regiões do mundo, o que a torna particularmente sensível a potenciais perturbações na cadeia de abastecimento”, referiu a Crédito y Caución.

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