Co-fundadora da Startup Pirates e do Portugal Startups, Inês Santos Silva parece ter um dedo em muitos dos eventos de empreendedorismo realizados em Portugal. O segredo, garante, é dormir bem e não ter distrações.
Diz que provavelmente será como é, resultado da organização da mãe que muitos dizem parecer ter tido uma educação militar. Não sabemos. O que é certo é que Inês Santos Silva, 26 anos, licenciada em Economia pela Universidade de Economia do Porto, parece estar mesmo metida em quase todos os eventos dedicados ao empreendedorismo, em Portugal. “Acho que deve ser só impressão”, garante.
Inês cresceu na Rebordosa, uma aldeia que passou a vila e uma vila que passou a cidade, que fica a 20 quilómetros do Porto. A avó queria que fosse médica mas Inês diz que nunca se imaginou num trabalho para sempre. Por isso, quando teve que escolher o agrupamento, no final do 9º ano do Ensino Básico, escolheu economia. E, também por isso, na altura de escolher um curso universitário elegeu Economia. “Queria estudar uma coisa que não me obrigasse a ser qualquer coisa a vida toda. Queria que fosse um curso abrangente para poder ser o que quisesse”. No entanto, nos quatro anos que duraram o curso, Inês não gostou das aulas nem das cadeiras. Só que conseguiu retirar o melhor: envolveu-se em muitas atividades promovidas pela universidade. “Para todos os efeitos sou uma menina da aldeia. E costumo dizer que os meus olhos abriram completamente quando fui estudar para o Porto: de repente conhecia pessoas com muito mais ambição”. Nos três anos obrigatórios do curso de Economia, confessa ter dito que sim a todas as propostas que apareciam. Nessas férias grandes fez um estágio no Millennium bcp e foi convidada para ficar. No quarto ano, que optou fazer na altura de transição para Bolonha, tentou manter-se ativa fora das aulas mas sempre dentro da faculdade, mantendo também o trabalho no banco. Na altura já era uma das diretoras da FEP Junior Consulting, uma empresa universitária que trabalhava a dar consultoria a grandes empresas. “Tudo o que fiz durante esses anos de faculdade permitiu-me conhecer muitas pessoas”, detalha, em entrevista à Startup Mag. Só que, apesar de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, Inês auto-identifica-se um defeito: “Aborreço-me com facilidade”. Em 2012, altura em que terminava o mandato na SAP, decidiu abandonar a consultora e publicou a notícia no Twitter. “Deixei um projeto, procuro coisas novas”. Nesse mesmo dia, recebeu um convite de Tiago Matos, empreendedor que se encontrava a desenvolver um projeto da UPTEC, que a convidou a ir conhecer a empresa. Encontraram-se dias depois e foi, depois dessa reunião, que Inês ficou responsável pela gestão de um evento de empreendedorismo que Tiago estava a organizar. “Na altura, o ecossistema era muito pequeno e toda a gente se conhecia. Cheguei a ir a eventos onde conhecia toda a gente. Falamos de empreendedores, podemos ter visões diferentes, mas é evidente que tudo mudou nos últimos cinco anos. Muitas das pessoas com quem trabalho agora, conheci-as em 2010”, conta. De aí em diante, assim foi. Primeiro, co-fundou a Startup Pirates, que organiza programas de uma semana para empreendedores de 40 cidades e 20 países diferentes e que, além desse programa, lançou o Startup Pirates Entreprises, um programa que trabalha em parceria com grandes empresas e instituições como câmaras municipais na capacitação de empreendedores e ao qual Inês está mais dedicada desde há um ano e meio. Depois, co-fundou a Portugal Startups, um projeto que tem como objetivo promover além fronteiras o que se faz na área de empreendedorismo em Portugal. “Surgiu para dar resposta a uma necessidade que detetámos haver lá fora”, conta. E, mais recentemente, faz parte da equipa que organiza o Trojan Horse was a Unicorn, o maior evento mundial na indústria da animação 3D e artes visuais, criado e organizado em Portugal e por portugueses. No entanto, para assegurar que os dias fluem sem Inês enlouquecer com trabalho, a economista explica o segredo em duas questões essenciais: dormir bem e trabalhar a sério. “Nunca durmo menos de sete horas por noite mas dificilmente alguém me ouve queixar de sono durante o dia”, diz Inês. “O outro segredo, se lhe podemos chamar assim, é o facto de quando estou a trabalhar estou mesmo. Não há distrações. Recentemente até eliminei a minha newsfeed do Facebook na aplicação do telemóvel”. Em vez dela, Inês lê sempre uma frase. “The best way to make your dreams come true is to wake up”[a melhor maneira de concretizar os sonhos é acordar]. E assegura que, no dia em que não se sentir feliz e satisfeita com o que faz, procurará outra coisa. “Raramente faço de conta que trabalho: se às quatro da tarde achar que já não estou a fazer nada ao computador, vou embora fazer outra coisa. Estou sempre à procura de alguma coisa, só não sei do quê. E, obviamente, como falo com muita gente, um dia vai acontecer ter o meu próprio projeto. Mas sinto que ainda gosto muito do que faço e que, dificilmente, teria aprendido tudo o que aprendi se tivesse feito um percurso diferente”.
No mínimo, certeiro.
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