A inflação continua a pesar na economia nacional, mas, acima de tudo, nas carteiras dos portugueses. A conclusão é de um estudo da Corum, que indica que a inflação continua a pesar “de forma muito desfavorável nas finanças das famílias portuguesas”, tendo as poupanças dos portugueses caído 34% no ano passado.
O mesmo estudo indica que as finanças mais apertadas estão “a baixar de forma considerável a capacidade de gerar poupança devido à alta dos preços, ao mesmo tempo que reforça a aplicação em alternativas que persistem com retornos reais negativos”.
A Corum indica que “a poupança dos portugueses está agora em queda acentuada, situando-se atualmente em linha com o nível mais baixo deste século”.
Os dados mostram que a taxa de poupança das famílias portugueses recuou para 5,3% nos primeiros três meses do ano, tendo subido ligeiramente para 5,7% no trimestre seguinte, embora se tenha mantido abaixo dos 6%.
“O indicado está agora a menos de metade do valor registado no primeiro ano da pandemia (11,9% em 2020) e cada vez mais longe dos níveis registados noutros países europeus”. No primeiro trimestre do ano, a taxa de poupança na Zona Euro fixou-se em 14%, abaixo dos 19,7% registados em 2020.
“O diferencial é agora o mais elevado desde (pelo menos) 2010, refletindo o maior impacto da inflação nas finanças das famílias portuguesas. O rendimento disponível dos particulares subiu 8% para 166,4 mil milhões de euros em 2022, o que não foi suficiente para compensar a alta da inflação, uma vez que a despesa de consumo final subiu 13%”, nota o estudo.
Foi esta discrepância que “motivou uma quebra de 34% no valor da poupança em 2022 (10,7 mil milhões de euros), o que representa uma descida mais significativa do que o registado na Zona Euro (-16%)”.
“Nos 12 meses até junho deste ano, a diferença entre rendimento e despesa das famílias portuguesas situou-se em 9,7 mil milhões de euros, um valor 44% inferior ao montante que as famílias conseguiram poupar em 2020 (17,4 mil milhões de euros)”.
O estudo indica que as políticas públicas nacionais não contribuem para incentivar a poupança dos portugueses. “Além da escassez de programas de apoio à literacia e do nível de impostos elevado, que limita o rendimento disponível, o Governo adotou várias medidas que desincentivam a poupança”, evidencia o estudo.
Na análise da Corum, o fim da Série E dos Certificados de Aforro é referido como “uma gestão prudente da dívida portuguesa e potencial redução dos custos de financiamento” mas “limitou de forma acentuada o leque de opções dos aforradores que procuram soluções de baixo risco e capital garantido”.
Outro ponto que prejudica a poupança dos cidadãos nacionais foi o Governo ter decidido “suspender a penalização antecipada no resgate de PPR”. Ainda que se compreenda “o objetivo de mitigar o fardo da inflação e dos aumentos dos juros nos orçamentos das famílias, a medida abre a porta a fragilizar a já débil tendência para as famílias acautelarem a reforma com aplicações em produtos financeiros durante a vida ativa”.
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