A taxa anual de inflação medida pelos preços ao consumidor subiu inesperadamente para 3,6% em junho no Reino Unido, o seu nível mais alto em um ano e meio, reduzindo as expectativas de novos cortes nas taxas de juros do Banco da Inglaterra. O Gabinete de Estatísticas Nacionais revelou que uma taxa anual do IPC ao seu nível mais alto desde janeiro de 2024, depois de ter fechado maio nos 3,4%.
A inflação britânica tem aumentado constantemente desde que atingiu o mínimo de três anos de 1,7% em setembro passado, e em maio o Banco de Inglaterra previu que atingiria o pico de 3,7% em setembro — quase o dobro da meta de 2% do banco central. A inflação na Grã-Bretanha é a mais alta entre todas as grandes economias avançadas e está cerca de um ponto percentual acima da dos Estados Unidos ou da zona euro.
A libra esterlina subiu ligeiramente em relação ao dólar após os dados terem sido avançados, com os rendimentos dos títulos do governo de cinco anos a atingirem máximos de um mês. Neste cenário, os mercados financeiros admitem que há uma menor possibilidade de um corte de 0,25 pontos percentuais na taxa do banco central em agosto e outro no final do ano.
O economista-chefe do Deutsche Bank no Reino Unido, Sanjay Raja, disse, citado pela agência Reuters, que não acredita que um corte nas taxas em agosto esteja realmente em risco, mas encontra mais dúvidas sobre o ritmo dos cortes depois disso. “Há uma desaceleração suficiente no PIB e no mercado de trabalho para justificar uma flexibilização gradual e cuidadosa da política monetária. Mas agora cabe ao mercado de trabalho determinar até que ponto e com que rapidez o Comité de Política Monetária (CPM) pode cortar neste ano e no próximo”, disse.
Os dados do PIB da semana passada mostram uma queda inesperada na produção em maio, enquanto os dados oficiais divulgados na próxima quinta-feira devem mostrar apenas uma desaceleração moderada no crescimento salarial, a taxas de pouco mais de 5%.
Os custos mais altos com combustível, viagens aéreas e de comboio foram os maiores contribuintes para o aumento da taxa de inflação entre maio e junho, com um aumento também no custo dos alimentos, roupa, vinho e cerveja. Os preços de alimentos e bebidas não alcoólicas foram 4,5% mais altos do que no ano anterior, o maior aumento desde fevereiro de 2024.
A ministra das Finanças, Rachel Reeves, disse, citada pela imprensa britânica, que o governo está a apoiar os padrões de vida das famílias da classe trabalhadora por via de um salário mínimo mais alto, entre outras medidas.
Abril mostrou um salto particularmente acentuado na inflação de 2,6% para 3,5% devido a aumentos nas tarifas regulamentadas de energia e água, tarifas aéreas e pressão ascendente sobre o custo de serviços de mão de obra intensiva devido ao aumento nos impostos sobre o trabalho e no salário mínimo.
Apesar disso, o governador Andrew Bailey disse que as taxas de juros provavelmente permanecerão num caminho de queda gradual, já que um mercado de trabalho mais fraco exerce pressão descendente sobre o crescimento salarial e as perspetivas de crescimento económico continuam fracas. O Banco da Inglaterra previu em maio que a inflação geral regressaria à meta dos 2% no primeiro trimestre de 2027.
O banco central cortou as taxas de juros em quatro ‘degraus’ até um ponto percentual desde agosto, e economistas consultados pela Reuters no mês passado previram mais dois cortes de 0,25 pontos este ano. No entanto, o banco central está preocupado com o mercado de trabalho e um possível rápido crescimento salarial, que comm«locará em causa a meta da inflação.
A inflação dos preços de serviços, uma medida que o Banco da Inglaterra observa como um guia para perceber as pressões de preços geradas internamente (mais usada que a taxa básica do IPC), manteve-se em 4,7% em junho, acima das previsões de que cairia para 4,6%.
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