“Nem tudo o que conta pode ser contado. Nem tudo o que é contado pode ser verdadeiramente significante” (Einstein).

Em tempos, bebi da fonte de Gonzalez-Alonso sobre esta temática. Da azia passamos à demasia de tanta e tanta informação! Bem como aos desequilíbrios propagados. E isso dificulta-nos perceber e filtrar o bom do mau, o correto do incorreto e até insurreto, a verdade daquilo que anteriormente se designava de “faits divers”. E, atualmente, se conhecem como “fake news”, que com o seu odor tóxico tanto rói e corrói.

Há quem goste deveras deste lixo, que prolifera sobretudo nos fóruns digitais e nas redes sociais. Há quem viva desta ‘infobesidade’, “ganhando dinheiro como lixo”, dinheiro sujo onde só se promiscui quem quer.

Isto é, nesta difusa distração endémica há muita sobrecarga informacional. Há mais obesidade do que vitalidade nas vias de circulação informativas, com muitas veias entupidas e gordurosas de pseudonotícias. De desinformação. De ‘notícias’ exageradas e inventadas, que afugentam, nos apoquentam e em nada acrescentam à essência e ao essencial. Que apenas pretendem endrominar e injuriar, engendrar suspeição e provocação, ser veneno propagandístico de obstrução e contra-informação.

Essa ‘infobesidade’ maléfica – vigente nas sociedades e com rasto explosivo no mundo cibernético –, e o que está por detrás dela, é como um segredo agridoce. Que me faz lembrar a expressão dum filme: “os segredos são como a margarina: espalha-se facilmente e faz mal ao coração” (em «Um pequeno favor»).

E a ‘infobesidade’ é uma dessas margarinas a evitar – entre outros. Para que haja coerência com os valores humanos e valores resultantes da comunicação, é muito importante que se valorize a sabedoria. Que não somente a informação. Ou muito para lá da informação, mas sem estar desintegrado do principal. E que é fulcral da informação. Que da informação saudável se deixe de bater neste ou naquele, priorizando-se o debater de ideias e ideais.

Uma ótima forma de lidar e contrariar a ‘infobesidade’ é a inovação. Importa encontrar novos meios, canais, mensagens para eliminar essa obesidade e gerar na informação mais autenticidade. Mais genialidade. Mais criatividade. Nada melhor, talvez, que a terminologia que me ocorreu entretanto, ao sabor da pena. Eis a ‘infonovação’: informação com inovação. Ou inovação na informação. Tal como no sistema empresarial, que muito domina o nosso mundo global. E quando se apresenta aqui a ação de inovar, distingue-se da de inventar. São distintas e, aqui, seja mais afiançada a primeira!

Ou seja, inovação como criação de valor, apresentando novas soluções. Com base nos quatro tipos de inovação – produto, processo, marketing e organização – ela “ começa pela forma como se define o negócio”. Teoria que o economista Prof. Carlos Brito defende: inovação no modelo de negócio. E inovando como? Criando, investigando e desenvolvendo.

Tudo isto é importante com talento, graças às pessoas, em que não basta “saber fazer”, mas saber estar na vida. O talento exige que todos tenhamos que ser empreendedores, cada um à sua maneira e naquilo que faz, independentemente da idade e da profissão. Deste modo, haja capital: capital humano, capital relacional e capital financeiro. Haja competências e atitude: “pensar grande”, engenho humano, “não há problemas… há desafios!”, resiliência e vontade de trabalhar. Esta abordagem, mais que mágica, tem tudo para ser produtiva e real.

Concordo plenamente com J. K. Rowling, quando escreve que “as palavras são a nossa maior e inextinguível fonte de magia, capazes tanto de produzir ferimentos como de os sarar”. Saibamos curar-nos para curarmos a ‘infobesidade’. Consigamos fazer das palavras uma vindima constante: tratá-las o melhor possível, trabalhando-as como quem pisa as uvas sem recalcar/rebaixar o outro, dando o melhor resultado pela palavra usada tal qual vinho novo e frutuoso, separando-a de todas e quaisquer parras e outras mais impurezas.

Tais como a estupidez, a mentira e o ódio, alguns dos ingredientes da ‘infobesidade’. Com elas nunca se alcançará o eterno desejável, apenas o intragável. Tal qual um medonho caroço, infindável. Porque a estupidez é uma doença incurável; a mentira, uma pedra no coração; e a melhor arma contra o ódio é a informação de qualidade. Com ética e veracidade.

Portanto, deve haver um meio-termo. Um equilíbrio assertivo entre a muita oferta de informação e informações (ora válidas ora fúteis) e a desejada maior metamorfose no pensar e compensar, no agir e interagir. Tudo em torno da informação que forma e enforma, que se reforma na positividade dos seus contornos. É preciso sentir e ouvir cada palavra de toda e qualquer informação. Auscultá-la com o coração. Para que não se torne obesa e na inovação seja uma proeza. E, na comunicação, volte a ser sua realeza.

«Ainda há vislumbres de civilização neste matadouro bárbaro a que um dia chamamos humanidade» (in “Grand Budapest Hotel”).