No atual cenário do mercado imobiliário, temos vindo a testemunhar uma transformação profunda a vários níveis.
Será que os investidores estão a mudar a forma como veem o mercado imobiliário e tomam as suas decisões de investimento? Além das preocupações habituais com os riscos e os retornos financeiros dos projetos, será que muitos investidores começam a valorizar também o impacto social dos seus investimentos? Como é que os projetos podem contribuir para resolver problemas reais das pessoas, como a escassez de habitação acessível, a melhoria dos cuidados de saúde, o apoio à população idosa e o avanço da educação?
O envelhecimento da população portuguesa, o aumento da esperança de vida, a crescente imigração e o reduzido investimento público são alguns dos elementos que impulsionarão a mudança no setor imobiliário nos próximos anos. Aliados à acelerada inovação tecnológica, às necessidades de descarbonização e digitalização e à fraca oferta ou baixa qualidade dos edifícios públicos existentes – sobretudo nos setores da saúde, educação e habitação social – estes fatores vão colocar uma pressão incontornável sobre a sociedade e, inevitavelmente, sobre os players do mercado imobiliário.
A forma como o imobiliário poderá dar resposta às necessidades humanas fundamentais abre novas oportunidades para retornos sustentáveis e interessantes que podem abranger praticamente todas as áreas do mercado.
Vejamos o caso da saúde, tão importante para todos. O investimento público na saúde é, como sabemos, limitado. Nos últimos anos, a maior oferta privada de serviços de saúde tem permitido maior equidade no acesso a cuidados médicos, para além de uma diminuição do tempo de resposta, um fator fundamental em determinados tratamentos.
Este é também um setor com grande impacto positivo na economia. De acordo com dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e do Instituto Nacional de Estatística (INE) as exportações no setor da saúde em Portugal ultrapassaram a marca dos três mil milhões de euros em 2023, com um crescimento de 35,8% em relação ao ano anterior, sendo o setor da saúde responsável por 11% do PIB.
Englobando as atividades ligadas às ciências da vida, o setor da saúde tem ganho destaque em todo o mundo pela inovação e desenvolvimento tecnológico, que tem sido verdadeiramente surpreendente criando melhores e mais acessíveis terapêuticas para as pessoas, permitindo novos modelos de negócio e assumindo um valor estratégico importante na construção tanto de unidades de tratamento como de investigação e desenvolvimento.
Segundo estatísticas do FMI, em 2023, os gastos globais com investigação e desenvolvimento em saúde terão atingido 1,5 biliões de dólares, refletindo um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Podemos, assim, antecipar enormes transformações motivadas pela inteligência artificial, a telemedicina e cuidados de saúde personalizados.
Pelo impacto que tem na vida das pessoas, é também, juntamente com a habitação, o setor mais valorizado pela população e um dos que maior potencial de crescimento apresenta, de vários pontos de vista: aposta na área de investigação, prestação de cuidados de saúde, cuidados a idosos e turismo médico.
Portugal está extremamente bem posicionado para tirar partido destas transformações e deve fazer tudo, naturalmente ao seu alcance, para se tornar um exemplo global de inovação e sustentabilidade no imobiliário na área da saúde, impulsionando um crescimento económico inclusivo e de longo prazo que beneficiará todas as camadas da sociedade.