De que forma se pode reinventar a Educação para que responda às megatendências que estão a modelar o futuro da nossa sociedade?  Como educar e formar indivíduos alinhados e preparados para o que vai ser o seu futuro? Estas são questões-chave que nos permitem refletir sobre a inovação na educação e que podemos encontrar no recente relatório da OCDE “Measuring Innovation in Education in 2019”.

Esta reinvenção já se iniciou há alguns anos, com a implementação de processos inovadores de ensino e de aprendizagem alavancados na transformação digital, em que os cursos MOOCs (do inglês Massive Open Online Courses), são o exemplo paradigmático.

Estes cursos, produzidos por organizações, muitas vezes em parceria com prestigiadas universidades de todo o mundo, revolucionaram o modo como os conteúdos educacionais são produzidos e distribuídos, permitindo o acesso universal e personalizado ao conhecimento. Os conceitos e práticas de e-learning, blended micro learning gamification têm, nos dias de hoje, ampla aplicabilidade em muitos contextos educacionais.

Enquanto estas inovações decorrem diretamente da transformação digital, outras, que exigem alterações nos modelos e práticas tradicionais da transmissão de conhecimentos são de presença mais tímida em ambientes do ensino básico e secundário, existindo, todavia, um número crescente destas abordagens, em contextos mais inovadores e disruptivos, observando-se também uma expressão mais interessante no ensino superior.

Destacamos as abordagens e metodologias de Project based learning, flipped classroom, role-playing e design thinking, que permitem aos estudantes aplicar os seus conhecimentos e competências no desenvolvimento de projetos que requerem uma integração de saberes provenientes de várias áreas. Estas práticas permitem ainda desenvolver competências a nível organizacional, colaborativo e de gestão, fundamentais nas suas carreiras, colocando o aluno como o agente principal da aprendizagem, tendo o professor um papel como mediador e facilitador do processo educativo.

A facilidade com que acedemos à informação e aos conteúdos educacionais, nesta era do digital, pode numa análise mais superficial, fazer-nos interrogar sobre qual será o papel das instituições de ensino nesta nova realidade. Elas serão sempre o espaço físico onde se cruzam pessoas, e onde ocorrem interações e troca de experiências.  Serão sempre um polo fundamental na educação, independentemente da existência de formas online de veiculação dos saberes.

A grande inovação reside na construção de campus abertos à comunidade onde confluam e interajam vários stakeholders, tais como organizações do sistema educativo dos vários níveis de ensino, fundações, empresas, organizações do ecossistema empreendedor, organismos do setor público, organizações da sociedade civil, os quais devem ter um papel ativo no desenho e funcionamento do campus, nas suas várias vertentes, em especial no  alinhamento dos currículos ensinados com a realidade do mundo atual, na implementação de práticas inovadoras e na promoção da aprendizagem ao longo da vida.

Portugal apresenta bons exemplos destas comunidades inovadoras, sendo que ainda são grandes os desafios, mas também as oportunidades, estando a posicionar-se como um player fundamental no setor mundial da educação.