Não é novidade que a função financeira desempenha um papel crítico no fornecimento de confiança aos investidores. No entanto, a confiança nas empresas está, mais do que nunca, a ser afetada, podendo vir a ser colocada em causa em definitivo se estas não corresponderem às expectativas de mudança de comportamento empresarial que os stakeholders espem. Este comportamento esperado envolve riscos tecnológicos e regulamentares crescentes, por vezes exógenos ao controlo das empresas, e que continuam a transformar o relato e o seu controlo de gestão. Por um lado, em 2021 é aceite que tecnologias inovadoras e análises sofisticadas devem ter um papel central na gestão do risco e volatilidade dos mercados. Por outro lado, à medida que o ambiente económico e social muda, os referenciais de reporte das empresas – normas regulamentares, normas contabilísticas e de relato não financeiro, protocolos legais e regimes éticos – estão também a evoluir.
Apesar de estes factos poderem parecer evidentes em 2021, observa-se uma lenta adesão ao ambiente “Finance 4.0” por parte do tecido económico em Portugal, o que pode colocar em causa a sua competitividade pelo menos no médio prazo. Já não era cedo em 2019, mas com o choque digital em 2020 e 2021 provocado pela pandemia, é crítico que em 2022 e anos seguintes, as empresas iniciem ou reforcem o processo de transformação da sua função financeira.
Neste contexto, as organizações devem estar conscientes da necessidade de incorporar procedimentos de análise de dados robustos e eficientes como ferramenta de suporte à função financeira para que possa acrescentar valor ao negócio e tornar-se um fornecedor de informação de confiança aos cada vez mais exigentes stakeholders internos e externos em tempo real, com custos reduzidos e com baixo risco, o que representa desafios significativos como a necessidade de desenvolver uma gestão de dados eficiente a par com o obstáculo persistente de lidar com integração de sistemas e os custos daí decorrentes.
A nossa experiência, mostra-nos, que para gerir os desafios da inovação tecnológica e de relato corporativo, as empresas concentram-se em:
Colaboração efetiva entre as várias funções da empresa, incorporando o benefício de uma compreensão mais ampla das complexas dependências entre os riscos e os procedimentos para a sua gestão, permitindo também uma abordagem integrada da gestão da informação para fazer face, entre outros, aos seguintes desafios:
l Resposta a requisitos regulamentares rigorosos tais como leis ou regulamentos da União Europeia, por vezes evidentes para a função financeira mas visto como não essencial para outras áreas operacionais;
l Dinamismo na gestão de dados das várias áreas da empresa que leva a que os departamentos quando isolados possam perder a compreensão e o controlo sobre que informação é armazenada e onde.
Incorporação de procedimentos e sistemas tecnológicos flexíveis e integrados, em primeiro lugar, que incorporem os benefícios/requisitos de uma integração mais ampla das complexas dependências entre os riscos e os procedimentos para a sua gestão e que permitam também uma abordagem integrada da gestão da informação e eficiência no relato. Em segundo lugar, os procedimentos e sistemas devem ser o mais conscientes possível do dinamismo da evolução regulamentar e tecnológica de forma a evitar constantes ruturas tecnológicas na função financeira e inerente investimento que leva algumas entidades a, ainda hoje, manterem a sua relutância sobre a importância e as vantagens de se investir em tecnologia.
Com a colaboração das várias funções e a incorporação de procedimentos e sistemas integrados e flexíveis, as empresas estarão certamente mais bem preparadas para conferir um maior grau de confiança e de credibilidade a stakeholders cada vez mais exigentes e com focos diferenciados.