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Insegurança alimentar em África impulsionada por conflitos e clima em 2024

Embora “as causas das crises alimentares tendam a estar inter-relacionadas, (…) os conflitos e a insegurança, por si só, impulsionaram quatro das dez maiores crises alimentares em termos de magnitude (Nigéria, República Democrática do Congo, Sudão e Myanmar) e quatro das dez maiores crises em termos de prevalência (Sudão, Palestina (Faixa de Gaza), Haiti e República Centro-Africana)”, de acordo com o relatório 2025 da Rede Mundial contra as Crises Alimentares (GNAFC).
Mike Hutchings/Reuters
16 Maio 2025, 13h42

A insegurança alimentar aguda no continente africano em 2024 foi impulsionada por conflitos, particularmente o sudanês, e fenómenos climáticos, nomeadamente a presença do El Niño na África Austral, segundo um relatório hoje divulgado.

Embora “as causas das crises alimentares tendam a estar inter-relacionadas, (…) os conflitos e a insegurança, por si só, impulsionaram quatro das dez maiores crises alimentares em termos de magnitude (Nigéria, República Democrática do Congo, Sudão e Myanmar) e quatro das dez maiores crises em termos de prevalência (Sudão, Palestina (Faixa de Gaza), Haiti e República Centro-Africana)”, de acordo com o relatório 2025 da Rede Mundial contra as Crises Alimentares (GNAFC).

O estudo indicou também que 13 das 20 crises alimentares causadas principalmente por conflitos situavam-se na África Ocidental, no Sahel e no Médio Oriente.

Em termos globais, dos 35,1 milhões de pessoas em situação de emergência (IPC 4, o segundo nível mais crítico), “20,1 milhões encontravam-se em países/territórios onde o conflito era o principal fator de insegurança alimentar”.

No ano passado, houve, no Sudão, “mais 5,3 milhões de pessoas a enfrentarem níveis elevados de insegurança alimentar aguda, elevando o total para 25,6 milhões, ou 54% da sua população, em grande parte devido aos impactos do conflito devastador”, revelou a investigação.

De uma forma geral, na África Oriental, as crises alimentares na Etiópia e na região de Karamoja, no Uganda, também se agravaram e no Quénia a segurança alimentar melhorou significativamente devido a melhores condições climáticas que aumentaram a produção alimentar.

Relativamente à África Ocidental e ao Sahel, o documento salientou que na Nigéria mais 6,9 milhões de pessoas enfrentaram níveis elevados de insegurança alimentar aguda, elevando o total para 31,8 milhões, devido ao ressurgimento e à expansão dos conflitos, à inflação elevada e ao aumento da cobertura das análises.

O Chade registou um aumento de 47% no número de pessoas que enfrentam níveis elevados de insegurança alimentar aguda devido a deslocações da população relacionadas com conflitos, inundações e preços elevados dos alimentos, enquanto a inflação elevada provocou um aumento na Serra Leoa.

Na África Austral, a seca induzida pelo El Niño, a instabilidade macroeconómica e as limitadas oportunidades de subsistência provocaram aumentos acentuados no Zimbabué e no Malaui, com mais 1,5 milhões e 1,3 milhões de pessoas a enfrentarem níveis elevados de insegurança alimentar aguda nos dois países, respetivamente, mas também prejudicou a agricultura e a pecuária no Madagáscar, Moçambique, Zâmbia e Namíbia.

Todavia, o relatório referiu também que, para 2025, são esperadas grandes “reduções absolutas no número de pessoas que enfrentam níveis elevados de insegurança alimentar aguda na Etiópia, Níger, Nigéria e Burundi”.

Em 2024, mais de 295 milhões de pessoas, ou seja, 22,6% da população analisada, enfrentavam níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 53 dos 65 países/territórios selecionados para o relatório, sendo este o sexto aumento anual consecutivo, explicou.

O Sudão, o Iémen, o Mali e a Faixa de Gaza registaram as crises nutricionais mais graves em 2024, concluiu.

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