As insolvências em Portugal deverão registar um crescimento de 19% este ano, de acordo com previsão dos especialistas da Allianz Trade, reveladas esta quinta-feira. As mesmas previsões apontam para que as insolvências das empresas na zona euro aumentem 23% em 2023, sendo que esta previsão constitui-se como uma revisão em alta das projeções anteriores. As pequenas e médias empresas de economias como a francesa e a alemã deverão estar entre as mais afetadas por este aumento significativo.
“Com o fim dos confinamentos e da pandemia de Covid-19, os apoios às empresas atribuídos pelos governos um pouco por toda a Zona Euro já terminaram ou estão a chegar ao fim. Mas, por um lado, as empresas em vários países estão agora a fazer face aos encargos com empréstimos públicos obtidos durante o período pandémico, o que representa um desafio para muitas companhias. Por outro lado, e acrescentar a isto, as ajudas dadas pelos governantes para minimizar a forte escalada dos preços da energia, após o início da guerra na Ucrânia, estão a terminar”, destaca a Allianz Trade.
Como referido, Alemanha e França deverão ser as economias que mais irão sentir a falência de pequenas e médias empresas. “A Alemanha, principal economia da Zona Euro, deverá registar uma subida de 22% das insolvências, de acordo com os dados da Allianz Trade*, presentes no estudo “No rest for the leveraged”. Já a França, a segunda maior economia do euro, deverá ver as insolvências de empresas disparar 41% em 2023. Os Países Baixos também deverão vivenciar uma subida expressiva das insolvências, um crescimento na casa dos 52%, antecipam os especialistas da líder mundial de seguro de créditos”.
Para este acionista da COSEC, existe outro fator a ter em conta e que irá levar a aumento das dificuldades das empresas e esta passa pelo facto “da procura por bens e serviços deverá continuar em níveis abaixo do necessário para estabilizar as insolvências. As previsões sugerem que a economia mundial registe neste ano um crescimento lento, depois de dois anos de pandemia, que causaram fortes perturbações nas cadeias de abastecimento, e mais de um ano de guerra na Ucrânia que fez disparar preços de matérias-primas e da energia”.
Os analistas da COSEC notam que é de esperar “uma pressão prolongada sob as margens de lucro das empresas”, assim como “dificuldades de financiamento, enfraquecem as almofadas financeiras das empresas do bloco da moeda única, podendo representar um teste à resiliência das empresas”.
Estimam os especialistas da Allianz Trade que “os custos elevados de produção vão manter-se, bem como a recuperação dos salários e os efeitos prolongados do aumento das taxas de juro”. Este acionista da COSEC estima que estes fatores “representam riscos para as empresas que, conjugados com um enfraquecimento da procura mundial por bens, pode significar uma redução da capacidade das companhias para fazer refletir nos consumidores a subida dos preços”.
Reino Unido, China e EUA: o mesmo cenário em escalas diferentes
O crescimento da falência de pequenas e médias empresas não vai ser um cenário exclusivo da zona euro em 2023, estimam os analistas da Allianz Trade. “Um aumento das insolvências não terá lugar apenas na Zona Euro. Reino Unido, China e EUA, entre outras economias, também vão enfrentar o mesmo cenário, embora em escalas diferentes”, realçam estes especialistas.
O Reino Unido deverá assistir a um aumento de 16% das insolvências este ano, destaca a Allianz Trade. “A pressionar a evolução das firmas britânicas estão um conjunto de fatores como a desaceleração económica, inflação elevada e uma política monetária mais restritiva. A somar a isto, as companhias britânicas têm ainda de fazer face às questões relacionadas com o Brexit”.
Quanto aos Estados Unidos, “as insolvências deverão aumentar 49% em 2023, segundo as previsões da líder mundial em seguro de créditos, refletindo condições de crédito mais restritivas e um abrandamento económico”.
Zona Euro e EUA precisam de “crescimento adicional” do PIB
Com o foco na estabilização dos níveis de insolvências, os especialistas da Allianz Trade estimam que tanto os EUA como os países da Zona Euro iriam precisar de um crescimento adicional do PIB não só em 2023 como também em 2024.
“Neste momento, o número de insolvências para empresas com mais de 50 milhões de euros de receitas está ligeiramente acima dos níveis pré-pandémicos e as empresas deverão estar atentas. A construção, o comércio, o retalho e os serviços são os setores mais afetados”, afirma Maxime Lemerle, Analista Principal da Área de Insolvency Research da Allianz Trade.
Quanto à China, as estimativas apontam que a segunda maior economia do mundo deverá registar uma subida de 4% neste ano, dado que o fim das restrições devido à Covid-19 e consequente reabertura económica não eliminaram todos os riscos, nomeadamente em setores como o imobiliário e construção, defendem os especialistas. De acordo com a Allianz Trade*, após a pequena recuperação em 2022, de 2%, as insolvências globais deverão agora aumentar 21% em 2023 e 4% em 2024.
Atualizada às 10h23
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