Sabemos que a Covid-19 veio acelerar algumas das principais tendências tecnológicas globais e, simultaneamente, espoletar a procura por outras que passaram a ser mais relevantes na forma como trabalhamos e vivemos nesta nova realidade.

Os ecossistemas empresariais têm, no entanto, ainda bastantes oportunidades por explorar na área da inovação e transformação, que podem capitalizar ao longo do próximo ano.

Falo, especificamente, do espaço de oportunidade que existe atualmente na indústria 4.0 para a adoção crescente da intelligent edge.  A utilização desta tecnologia irá ajudar a maximizar a eficiência dos negócios, na medida em que, em vez de se enviar dados para um data center ou para uma terceira entidade, as organizações podem aumentar a velocidade de análise de dados e reduzir riscos de segurança, ao diminuir a probabilidade destes dados serem intercetados ou eliminados, pelo facto de não dependerem de conexões de redes exteriores.

Prevê-se, assim, que a intelligence edge – a análise de dados e desenvolvimento de soluções no local em que os dados são gerados – marque de forma significativa a gestão de negócios em 2021.

Esta tendência, e a aceleração imprimida pelo momento particular de pandemia global, é o produto de várias tendências que até aqui procuravam um ponto comum para se potenciarem, e é por isso que poderá significar uma verdadeira revolução.

O “TMT Predictions 2021” da Deloitte estima que o mercado global de intelligent edge atinja um valor de 12 mil milhões de dólares, crescendo a uma taxa anual de cerca de 35%. A expansão em 2021 será impulsionada principalmente pelo setor das telecomunicações, implantando-a nas redes 5G, e pelos fornecedores de cloud em hiperescala, otimizando a sua infraestrutura e ofertas de serviços. Segundo estas previsões deste estudo, em 2023, 70% das empresas irão executar processamento de dados através de intelligent edge.

Ao trazer poderosos recursos de computação para mais perto de onde os dados são originados e precisam de ser consumidos, este salto tecnológico liberta todo o potencial para operações mais rápidas, menos caras e mais seguras, potenciando tecnologias como os veículos autónomos, a realidade virtual ou a IoT, contribuindo para acelerar a 4ª Revolução Industrial.

Para empresas que utilizam dados, a intelligent edge pode garantir o uso mais eficiente da largura de banda e maior visibilidade da rede, permitindo reduzir custos, garante resiliência contra conectividade fraca, não confiável e perdida devido à menor dependência de redes de longa distância (WANs), permite mais controlo sobre a triagem de dados, normalização, armazenamento e privacidade por meio da capacidade de manter mais dados locais em vez de precisar de transmiti-los pela rede para o núcleo, pelo suporte para casos de uso de baixa latência e tempos de resposta rápidos e também para garantir maior automação e autonomia.

Mais do que novas tendências, a tendência mais marcada desta crise é a aceleração de tendências. O “TMT Predictions” refere que cinco anos foram condensados em cinco meses de pandemia, mas a aceleração poderá ter sido ainda mais acentuada. Seja qual for a velocidade a que andamos e, sobretudo, andaremos em 2021, importa que estejamos em movimento e de preferência na linha da frente.