Há cerca de dois ou três meses escrevi, aqui neste jornal, um artigo de opinião sobre os impactos positivos que a Inteligência Artificial (IA) está a ter no setor da logística.
O tema da IA – os seus avanços e os seus potenciais impactos – é um tema que me fascina, porque estamos simultaneamente a falar do presente e a perspetivar o nosso futuro, o que em muitos casos é muito mais próximo do que imaginamos.
A narrativa sobre a IA é comummente descrita como uma disrupção drástica do funcionamento das sociedades e das economias em todo o mundo. Hoje, as ferramentas generativas já estão a mudar a forma como trabalhamos ou nos divertimos diariamente. A grande questão é sabermos de que forma efetiva a IA vai ajudar-nos enquanto seres humanos e sociedade?
Com uma ligação à internet a disponibilidade de ferramentas de IA para escrever sobre qualquer assunto já existe à distância de um simples “clique”, trazendo impactos significativos no emprego, na economia ou na educação.
Os diferentes estudos que nos últimos anos têm sido divulgados preveem que a IA generativa vai aumentar a produtividade económica e o crescimento acelerado das economias mais avançadas. Um relatório divulgado pelo Goldman Sachs prevê que numa década a IA generativa poderá vir a aumentar o PIB global anual em 7%.
A inteligência artificial generativa pode criar novos conteúdos, como texto, imagens, vídeos e música, em vez de analisar apenas dados já existentes. Modelos como GPT (Generative Pre-trained Transformer), GANs (Redes Adversárias Generativas), e Difusão estão no centro dessa tecnologia. Estas ferramentas utilizam grandes quantidades de dados para aprender padrões e gerar resultados novos e originais.
A IA generativa está a ser utilizada numa ampla gama de setores: na saúde, os modelos generativos ajudam na análise de imagens médicas e na descoberta de medicamentos; no entretenimento, a IA está a revolucionar a produção criativa na música, arte, e criação de roteiros; e no marketing e vendas, as empresas estão a utilizar IA para criar conteúdo personalizado e melhorar a experiência do cliente.
Apesar dos avanços, existem desafios significativos da IA, incluindo o risco de gerar conteúdos incorretos ou enganosos, especialmente em áreas como direito e saúde, mas também coloca várias questões de propriedade intelectual, devido à utilização de modelos generativos que podem fazer uso indevido de dados.
A produção de textos através da IA comporta variadíssimos riscos. Quanto mais eloquentes forem os textos produzidos pelas ferramentas de IA, mais propensão existe para conter mais imprecisões. Portanto, os utilizadores devem estar sensibilizados para fazerem uma permanente verificação do que lhes é apresentada.
Os seres humanos têm uma genuína capacidade de deduzir os objetivos, desejos e crenças de outros seres humanos, uma habilidade crucial que significa que podemos antecipar as ações de outras pessoas e as suas próprias consequências. Para que as IAs se tornem verdadeiramente úteis na vida quotidiana – para colaborarem eficazmente connosco – têm de estabelecer capacidades intuitivas semelhantes, o que ainda está longe de acontecer.
Um dos temas mais preocupantes no avanço da IA é o tema do emprego. Não restam muitas dúvidas de que as profissões mais qualificadas vão beneficiar de mais produtividade com a IA, mas em contraciclo poderemos vir a assistir à extinção de muitas profissões com um grau baixo de qualificações. Ou seja, podemos estar perante um cenário de agravamento das desigualdades sociais.
Estou certo de que nos próximos meses irei voltar ao tema da IA, visto que os avanços são rápidos e os impactos não são despiciendos.