Os investidores imobiliários desvalorizam a ideia de que os golden visa sirvam como um negócio para o branqueamento de capitais. “Isso é descredibilizar o Banco de Portugal, a Polícia Judiciária e os tribunais portugueses”, afirmou Pedro Vicente, membro do conselho de administração da Habitat Invest, durante o webinar “What´s Now Golden Visa?”, realizado esta terça-feira, 23 de março.
O responsável deixou um alerta a todos os que se opõe ao programa dos vistos gold de que estão enganados, quando falam num enriquecimento do sector imobiliário com este regime. “Se esses opositores estão convencidos de que 5,7 mil milhões de euros enriqueceram as estruturas empresariais do sector estão redondamente enganados. Esse investimento criou emprego e sustentou outros sectores que andam há volta do imobiliário”, frisou.
O sentimento em torno da lavagem de dinheiro é partilhado por José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, também presente no evento. “Só quem não sabe o controlo que existe hoje sobre o branqueamento de capitais é que pode dizer que os golden visa estão associados a um negócio de capitais com proveniência desconhecida ou dúbia. Hoje em dia quando um investidor quer comprar um ativo em Portugal tem de transferir fundos para um banco português que tem as suas regras de compliance, como as mediadoras imobiliários e o vendedor e hoje nas escrituras ficam registados os pagamentos”, explicou.
Por sua vez, Luís Gamboa, CIO da VIC Properties, abordou a mudança na lei deste regime, relembrando que 50% das aquisições por parte de não residentes em 2019 foram feitas na Área Metropolitana de Lisboa e Algarve e de que zonas do interior como Castelo Branco não vão concorrer com Lisboa, mas vão passar a concorrer com Madrid, Atenas e outras localizações geográficas. “Isto é o que vai acontecer. Não nos podemos esquecer que entre 2008 e 2010 os investidores nacionais desapareceram. Se as Baixas de Lisboa e do Porto hoje são o que são podemos agradecer aos investidores estrangeiros. Não acredito que esta legislação prejudique o interior, mas não os vai beneficiar em nada”, salientou.
Por seu turno, José Roquette, CDO do Grupo Pestana, considerou que Portugal não se pode dar ao luxo de fechar as portas do capital internacional. “É importante não ficarmos reféns desta guerra política ou de algum provincianismo. Os golden visa não trouxeram a Portugal nenhum problema de branqueamento de capitais, nem um impacto de especulação imobiliária. Dizer isso é mentira”, referiu.
O responsável traçou ainda um cenário além da problemática dos vistos gold. “Quando olhamos para as contas públicas vemos que mais tarde ou mais cedo vamos voltar a ter uma troika qualquer. É inevitável, a situação financeira de Portugal é muito frágil e se nos estamos a aguentar porque temos as taxas de juro mais baixas de sempre. Temos uma dependência extraordinária do capital internacional porque não produzimos e acumulamos o suficiente em Portugal para o país se desenvolver”, analisou.
Por fim, Ricardo Sousa, CEO da Century 21, indicou que no caso da consultora imobiliária, mais de 80% das transações são feitas de norte a sul do país com as famílias portuguesas e 20% das transações com clientes internacionais, sendo que parte desses clientes procuram o golden visa. “É importante pensarmos que Portugal tem uma complexidade de desafios que vai muito além do imobiliário. Por o foco no imobiliário, na construção e habitação como a causa dos problemas é na minha perspetiva errado”, sublinhou.
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