A prata e o ouro têm sofrido uma forte valorização durante este ano. A subida tem sido de tal ordem que no caso da prata a coloca no sétimo mês seguido de ganhos, o que representa o melhor ciclo desde 1980 enquanto que o ouro está em crescendo há quatro meses o que representa a subida anual mais acentuada desde 1979, salientou uma nota da BA&N publicada na passada sexta-feira.
Atualmente o ouro está a registar um crescimento de 59% e a prata valoriza 88% desde o início do ano.
Mas as expetativas dos investidores no que diz respeito ao ouro, de acordo com um inquérito, revelado pela CNBC, que juntou 900 investidores institucionais da plataforma Marquee do Goldman Sachs, apontam para a continuação da valorização deste metal no próximo ano.
Face ao atual preço (4.207 dólares por onça no mercado spot, ou 3.607 euros, registado a 3 de dezembro), é projetada uma valorização de 18% até ao final de 2026, por 36% dos inquiridos, deixando este metal a transacionar nos cinco mil dólares, o que a se confirmar representaria um novo máximo.
33% dos inquiridos esperam que o ouro se situe entre os 4.500 dólares (3.858 euros) e os cinco mil dólares (4.287 euros). Mas mais de 70% acredita que este metal vai continuar a valorizar em 2026.
Mas há 5% de investidores que acreditam que os preços do ouro vão quebrar nos próximos 12 meses para um intervalo entre os 3.500 dólares (3001 euros) e os quatro mil dólares (3.429 euros), uma descida máxima de 4% face ao preço atual.
A perspetiva de crescimento no preço do ouro não se restringe somente aos investidores inquiridos pelo Goldman Sachs. Em outubro o Morgan Stanley projetava que o metal “deveria registar novos ganhos” até ao final de 2026.
“O ouro ultrapassou a participação dos títulos do Tesouro dos EUA nas reservas dos bancos centrais pela primeira vez desde 1996, enquanto os external traded funds (ETFs) garantidos pelo ouro continuam a registar entradas recorde. Preços mais elevados podem reduzir a procura de ouro, dado que o consumo de joias já mostra sinais de fraqueza. Um superciclo de investimentos de capital por parte dos produtores de ouro é improvável, devido a obstáculos regulamentares e de licenciamento”, referia em outubro o Morgan Stanley.
O Morgan Stanley atribuía a forte valorização que o ouro registava até então a “importantes desenvolvimentos políticos, geopolíticos e económicos” tais com: tarifas, o conflito entre Israel e o Hamas, as preocupações com a independência da Reserva Federal norte-americana (Fed) e a paralisação do governo dos Estados Unidos.
Já em outubro o Morgan Stanley reviu em alta a sua projeção para o preço do ouro, para 2026, para os 4.400 dólares por onça (3.772 euros).
“Os investidores estão a observar o ouro não apenas como uma proteção contra a inflação, mas como um barómetro para tudo, desde a política dos bancos centrais ao risco geopolítico. Vemos um potencial de subida adicional para o ouro, impulsionado pela queda do dólar norte-americano, a forte procura de ETFs, as compras contínuas por parte dos bancos centrais e um cenário de incerteza que sustenta a procura por este ativo de refúgio seguro”, disse o estrategista para a área das matérias-primas do Morgan Stanley Metals & Mining, Amy Gower.
Nesta ‘corrida’ ao ouro também encontram-se os bancos centrais. O Morgan Stanley salientou que pela primeira vez desde 1996, o ouro “representava uma maior fatia das reservas dos bancos centrais” do que os títulos do Tesouro dos EUA, o que representa “um forte sinal de confiança no valor a longo prazo” do metal.
Quantos aos ETFs ligados ao ouro registaram fluxos de entrada de 26 mil milhões de dólares (22,2 mil milhões de euros) no terceiro trimestre, o que representa um máximo, enquanto que os ativos totais sob gestão terminaram esse mesmo semestre em 472 mil milhões de dólares (404,7 mil milhões de euros), o que representa também um máximo.
E nesta ‘corrida’ ao ouro entram também os investidores do retalho, que vêm neste metal uma espécie de porto seguro.
“Como os mercados esperam que o dólar norte-americano desvalorize devido às perspetivas de crescimento mais lento na maior economia do mundo, muitos investidores estão a realocar as suas carteiras de ativos de refúgio seguro, migrando de ativos denominados em dólares para o ouro. Além disso, um dólar mais fraco torna o ouro mais acessível para os compradores internacionais”, salientava a nota do Morgan Stanley de outubro.
A pressionar em alta o preço do ouro esteve também as reduções das taxas de juro promovidas pela Reserva Federal norte americana (Fed), registadas em outubro e novembro. “Desde a década de 1990, os preços do ouro subiram, em média, 6% nos 60 dias seguintes ao início de um ciclo de cortes nas taxas de juro da Fed, uma vez que rendimentos mais baixos facilitam a concorrência de ativos que não geram rendimento”, referia o Morgan Stanley.
Em junho o J.P. Morgan projetava que o ouro atingisse os quatro mil dólares por onça. Contudo a meta acabou superada ainda este ano.
“Espera-se que os preços atinjam uma média de 3.675 dólares/onça (3.151 euros) no quarto trimestre de 2025 e subam para perto dos quatro mil dólares (3429 euros) em meados de 2026”, dizia o J.P. Morgan.
“A procura de ouro por parte dos bancos centrais e dos investidores deverá manter-se forte, com uma média de cerca de 710 toneladas por trimestre este ano”, projetava o J.P. Morgan.
O J.P. Morgan salientava também na sua nota que tradicionalmente um dólar norte-americano mais fraco e taxas de juro mais baixas nos Estados Unidos “aumentam o apelo” do ouro.
“A incerteza económica e geopolítica também tende a ser um fator positivo para o ouro, devido ao seu estatuto de porto seguro e à sua capacidade de permanecer como uma reserva de valor fiável. Apresenta uma baixa correlação com outras classes de ativos, podendo, por isso, funcionar como proteção durante quedas de mercado e períodos de tensão geopolítica”, referia o banco.

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