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Investimento de ‘private equity’ cai para metade

Em 2018, houve apenas 36 operações com ‘private equity’ em Portugal, no valor de 3,3 mil milhões de euros, após vários anos de ‘boom’. Mas os especialistas dizem que, com o BCE a manter juros baixos, o investimento destes fundos vai recuperar o ritmo.
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16 Março 2019, 15h00

Os investimentos em private equity fecharam o ano passado com uma diminuição em número e em valor e parecem ter entrado em 2019 igualmente com o pé esquerdo, de acordo com o relatório da Transactional Track Record (TTR). No ano passado, houve apenas 36 operações anunciadas em Portugal (menos 28% do que em 2017), com um valor agregado de 3.356,8 milhões de euros, um montante 51% abaixo do demonstrado no ano anterior.

Ainda assim, o investimento de fundos privados ganhará ritmo – mesmo que não repita os montantes movimentados no ano passado, de acordo com as profissionais ouvidos pelo Jornal Económico. “A política de juros baixos seguida pelo BCE, a não sofrer alteração – o que não se perspetiva em face do arrefecimento europeu – continuará a exigir da parte de fundos de infraestruturas, de pensões e de private equity esforço ativo de investimento para os meios colocados ao seu dispor, pois essa é a única forma de obterem retornos minimamente satisfatórios com vista à remuneração expetável dos respetivos participantes e investidores”, refere Jorge Bleck, sócio da Vieira de Almeida.

Nos dois primeiros meses deste ano, o valor das operações de private equity também tombou (84% em termos homólogos), para 100 milhões de euros em investimentos, conforme mostra a mais recente contagem da TTR. “É normal que nos primeiros meses do ano a atividade de M&A por parte de fundos de private equity esteja mais contraída, não só porque os principais players tentam fechar as transações até ao final do ano por motivos contabilísticos, mas também porque as empresas e fundos se focam mais no balanço e contas do ano anterior”, explica Tomás Vaz Pinto, sócio da Morais Leitão. O advogado, coordenador de uma das equipas de Comercial e M&A deste escritório, não antecipa mudanças circunstanciais nos ânimos de investimento ao longo do ano corrente. “Continuamos a ver muitos investimentos em venture capital por parte de empresas e fundos nacionais e também em certa medida de investidores estrangeiros”, diz.

O diretório da TTR de 2018 contabiliza um maior investimento em empresas já amadurecidas na área do Turismo, Hotéis e Restauração (quatro), seguindo-se da Saúde e Higiene e Cosmética (três), que perdeu terreno quando comparada com o ano anterior, e por fim Educação e Imobiliário (ambas com dois).

Observando as tabelas de assessores de operações de private equity, no relatório de 2018 da Mergermarket, pode perceber-se que, a nível global, venceram em valor a Kirkland & Ellis, com cerca de 117 mil milhões de euros, a Latham & Watkins, com aproximadamente 77 mil milhões de euros, e a Simpson Thacher & Bartlett, com perto de 76 mil milhões de euros. Em termos de valor, pontuou igualmente a Kirkland & Ellis (330 transações), a Goodwin Procter (163) e a DLA Piper (160).

Concretamente no cenário de venture capital, o ânimo foi mais visível. Os investimentos em capital de risco encerraram o ano de 2018 em alta, com os melhores resultados dos últimos quatro anos (45 operações, mais 50%, e 462 milhões de euros aportados). A tecnologia foi senhora e rainha, com metade desses deals.

Uma das novas particularidades destas sociedades é o facto de estarem mais conscientes da temática ambiental e social. O estudo “Private Equity Responsible Investment Survey 2019”, elaborado pela consultora PwC, concluiu que quase todas as empresas de capital de risco (91%) adotaram ou estão a desenvolver políticas de investimento responsável – mais 11 pontos percentuais do que em 2013. Entre as 145 VC’s inquiridas, as principais preocupações foram sobretudo os riscos associados às alterações climáticas (83%) e os direitos humanos (76%). Além disso, 81% disseram que reportam, pelo menos uma vez por ano, aos seus conselhos de administração sobre aspetos ambientais, sociais e de governance (ESG, na sigla inglesa).

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