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Investimento é palavra de ordem para a Altice, NOS e Vodafone

O sector das telecomunicações é um dos mais importantes para economia nacional, gerando milhares de milhões de euros anualmente. A um ano de mais um passo na evolução das redes móveis, os CEO das três maiores operadoras em Portugal falam do atual momento do mercado.
5 Março 2019, 20h30

1 – Quanto foi investido na cobertura de rede e de que forma esse investimento responde, ou não responde, às necessidades de tráfego (Voz e Dados) identificadas pela operadora?

2 – Qual é a base de clientes e quota de mercado?

3 – Considera importante que o mercado português avance para os padrões do 5G?E os operadores podem tirar partido dessa evolução?

Alexandre Fonseca, presidente executivo / CEO da Altice Portugal

1. A Altice Portugal tem vindo a investir continuadamente em todo o território nacional, incluindo regiões com densidades populacionais mais baixas e respondendo às necessidades de tráfego de milhares de clientes em todo o país. Ao longo dos últimos 3 anos foram investidos cerca de 500 milhões de euros só em infraestruturas, valor que reflete a ambição da Altice Portugal no que respeita à expansão de infraestruturas de nova geração que acomodam o enorme crescimento do tráfego de dados. Este objetivo assente na estratégia da Altice Portugal prevê a infraestruturação de 5,3 milhões de casas portuguesas até 2020, indistintamente, em todo o território nacional – 27 mil locais em 308 concelhos –, tornando assim Portugal no primeiro país europeu a atingir 100% de cobertura de fibra ótica.

2. A Altice Portugal tem vindo a reafirmar-se constantemente no mercado português, tendo registado no terceiro trimestre de 2018 um acréscimo líquido de mais 8 mil clientes no negócio fixo, mais 44 mil clientes em fibra e mais 37 mil clientes em tarifários pós-pagos. Recentemente, o MEO atingiu a liderança em todos os pacotes de serviços de telecomunicações (somando o Triple Play à lista, única oferta onde não era líder), atingindo uma quota de mercado de 38,9% em TV, 46% referente ao Móvel, 39,8% em Banda Larga Fixa e de um valor de 45,6% no que respeita à Voz Fixa (quotas referentes ao segundo trimestre de 2018).

3. Apesar de existirem no mercado português as condições tecnológicas para o lançamento do 5G, não existe hoje necessidade de implementar uma rede 5G – a generalidade dos utilizadores ainda não retira total partido do 4G hoje disponível e  os dispositivos que farão usufruto desta tecnologia continuam a evoluir e não são ainda disponibilizados em larga escala. Ainda assim, a Altice Portugal está a preparar já para este ano o lançamento deste serviço e tem vindo a liderar marcos importantes no roadmap para o 5G, como foi caso da primeira demonstração em ambiente de rede comercial e com terminal pré-comercial 5G em julho do último ano.

Miguel Almeida, presidente executivo da NOS

1. A NOS tem feito um fortíssimo investimento na melhoria e reforço nas suas redes de nova geração, com o intuito não só de melhorar a experiência dos clientes, mas também de capacitar a rede para os desafios crescentes. Ao longo dos últimos três anos, dados referentes ao terceiro trimestre de 2018, o investimento estratégico da NOS ascendeu aos 573 milhões de euros. Este reforço de investimento tornou a NOS, em 2018, no único operador em Portugal com uma rede fixa totalmente Gigabit – disponibilizando uma oferta de 1Gbps (Gigabit/por segundo) a todos os clientes servidos pela rede de nova geração. A rede móvel 4.5G foi também alvo de uma intervenção à escala nacional, estando a ser integralmente preparada para o advento do 5G. O upgrade para uma arquitetura de rede Single RAN estará finalizado no início deste ano. O investimento estratégico na nossa infraestrutura de rede é definido tendo em conta um horizonte temporal a médio-longo prazo e responde às necessidades futuras de tráfego, que serão exponencialmente maiores com a materialização de paradigmas como o IoT, apenas para referir um exemplo. Mesmo considerando o crescimento do tráfego (aproximadamente 40% por ano), as estimativas da NOS apontam para que a rede 4.5G atinja níveis de utilização elevados, de forma generalizada, entre 2022 e 2025.

2. No final do terceiro trimestre de 2018, a NOS contava com mais de 4,7 milhões de clientes móveis, 1,6 milhões de clientes de televisão, 1,8 milhões de clientes de telefone fixo e 1,4 milhões clientes de Internet de banda larga fixa, tendo registado um aumento do número de subscrições em todos estes serviços relativamente ao período homólogo. Os mais recentes dados de quota de mercado da ANACOM referem-se ao 1º semestre de 2018, com a NOS a ter uma quota de receitas total de 32,8%.

3. Sim, sendo a calendarização e o ritmo as questões mais sensíveis. No que diz respeito à realidade do nosso mercado, estamos convictos que as tecnologias móveis atuais, com foco no 4.5G e NB-IoT, suportam as necessidades dos seus clientes no curto e médio prazo. A forte expansão de cobertura e capacidade de rede que temos vindo a fazer de forma sustentável e que estamos a consolidar, permite-nos já hoje ter a nossa rede preparada para o futuro e essa será a base onde a rede 5G se desenvolverá. Os primeiros serviços comerciais a desenvolver serão do tipo eMBB (Enhanced Mobile Broadband), potenciando a experiência de utilização de smartphones e ligações de banda larga que utilizarão as redes 4G e 5G, com as previsões para uma maior utilização do 5G a indicar que esta acontecerá apenas a partir de 2025. As operadoras, e a NOS em particular, estará na vanguarda de mais esta (r)evolução tecnológica.

Mário Vaz, presidente executivo da Vodafone Portugal

1. O investimento da Vodafone está alinhado com o nível de compromisso assumido com o país, cujo objetivo é garantir o acesso das famílias e das empresas aos benefícios da economia digital, contribuindo ativamente para promover a coesão territorial e eliminar fragilidades estruturais. Este compromisso só pode ser completamente assegurado com recurso às oportunidades que as redes de nova geração possibilitam. Por isso, o investimento em tecnologia e na modernização e expansão das redes de nova geração, móveis e fixas, tem sido e continuará a ser totalmente core. Nos últimos anos, a Vodafone investiu cerca de mil milhões de euros nas suas infraestruturas de última geração, pilares estruturais num mundo global e digital. Este nível de investimento não só dá resposta às necessidades de comunicação dos nossos clientes, como também permite à Vodafone ter as melhores redes do mercado e liderar na frente da satisfação dos clientes e da inovação. Além disso, a preparação progressiva das nossas infraestruturas e arquitetura de rede permite-nos estar “ready” para a revolução tecnológica que se avizinha, o 5G. Continuaremos, por isso, a investir em Portugal, continuando a criar as condições para o país se posicionar na linha da frente da introdução e utilização das novas tecnologias.

2. Realçamos que na Vodafone Portugal a conquista de quota de mercado não é um objetivo per se. É o reflexo de uma estratégia consistente de crescimento orgânico, de aposta na convergência, de investimento na área fixa, de modernização da nossa rede móvel, e de foco total no cliente e na sua satisfação. Essa estratégia tem sido visível nos resultados obtidos pela Vodafone Portugal. Os dados recentemente divulgados, relativos ao terceiro trimestre do ano fiscal, reiteram os sinais de estabilização do segmento móvel, um dos pilares core da empresa. No final de dezembro, a Vodafone contabilizava quase 4,7 milhões de clientes móveis. No serviço fixo, a Vodafone operava, em 2013, cerca de 400 mil casas ligadas a uma rede de fibra e contava apenas com 44 mil clientes. Hoje, a cobertura é 7,5 vezes superior, abrangendo cerca de 3 milhões de casas e empresas, e o número de clientes multiplicou-se por 16 vezes, ascendendo a mais de 700 mil.

3. O 5G é a rede móvel da próxima geração, sendo essencial e inevitável para responder às exigências da economia digital. Como tal, Portugal não poderá ser uma exceção na adoção atempada do 5G. No que à Vodafone diz respeito, temos vindo a trabalhar para estarmos prontos quando esse momento chegar. Graças ao elevado investimento dos últimos anos, a nossa rede está preparada para rapidamente acolher a próxima geração móvel. Em junho de 2018, foi criado o 5G Hub e, em dezembro, foi feita a primeira ligação 5G com um smartphone em Portugal. A chegada do 5G não deve ser encarada como um benefício para os operadores, mas como estratégia relevante para um país que queremos mais digital, mais inclusivo, sustentado numa economia crescentemente mais competitiva a nível global. As telecomunicações são essenciais para esses objetivos estratégicos do nosso país. A implementação de redes não é suficiente para fomentar o seu uso, sendo fundamental continuar a investir nos vários eixos de atuação: inclusão, educação; qualificação, especialização e investigação. Este investimento deve, por isso, ser impulsionado por todos os atores, de forma ativa. É igualmente relevante, para a competitividade do país, ter business cases que justifiquem a necessidade do 5G, que não deverá ser promovido apenas pelas agendas tecnológica e política. Será necessário um elevado esforço para tornar as redes 5G e os serviços delas decorrentes numa realidade, em especial para o surgimento de um mercado doméstico, sobretudo, quando ainda persistem em Portugal algumas fragilidades estruturais à expansão dos serviços tradicionais.

 

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