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Investimento em imobiliário comercial mais que duplicou para 625 milhões no primeiro trimestre

Face ao período homólogo, verificou-se um aumento de 167%, tendo o valor investido sido de 235 milhões de euros, um crescimento de 160% face à média do primeiro trimestre dos últimos três anos. O setor do retalho foi responsável por 57% do montante dispendido, num total de 357 milhões de euros.
21 Maio 2025, 16h16

O volume de investimento em imobiliário comercial atingiu os 625 milhões de euros no primeiro trimestre, o que significou um aumento de 167%, face aos 235 milhões de euros verificados no período homólogo de 2024, segundo o relatório trimestral “Market Dynamics”, divulgado pela consultora JLL esta quarta-feira.

Com exceção de 2020, este é o primeiro trimestre de um ano com o maior nível de atividade dos últimos sete anos e um crescimento de 160% face à média do primeiro trimestre dos últimos três anos.

O setor do retalho foi responsável por 57% do montante dispendido, num total de 357 milhões de euros, com aumento de 1,6% nas vendas face ao trimestre homólogo.

A renda do comércio de rua atingiu máximos em Lisboa, situando-se nos 145 euros/m2/mês no Chiado, e estabilizou no Porto, com um valor de 85 euros/m2/mês na rua de Santa Catarina. No segmento de retail park e stand alones, as rendas prime também alcançaram novos máximos, para os 13 euros/m2 /mês e 15 euros/m2/mês, respetivamente.

Outro setor responsável por uma captação significativa do investimento foi a hotelaria, com 25%, no total de 160 milhões de euros, tendo observado um aumento homólogo de 3% nos hóspedes (4,6 milhões) e de 5,2% nos proveitos totais (840 milhões), tendo no trimestre se registado a abertura de 13 novas unidades hoteleiras, num total superior a 1.200 novas camas.

Já as taxas de ocupação ficaram nos 39%, mas diária média aumentou 3,5% para 93,9 euros impulsionando positivamente o RevPAR em 4,3%, para 45,7 euros.

No mercado residencial foram transacionadas 41 mil habitações e verificou-se uma subida trimestral de 6,6% e homóloga de 15,8% no preço das casas, sendo este o maior aumento trimestral desde 2007.

Em Lisboa, os preços cresceram 5,9% no primeiro trimestre face ao trimestre anterior, com um preço médio de venda que supera os 5.000 euros/m2, enquanto no Porto, o aumento trimestral dos preços foi de 6,4%, com um preço médio de venda na ordem dos 3.600 euros/m2.

Os escritórios representaram 14% do investimento (88 milhões de euros), com Lisboa a registar uma ocupação de 54 mil m2 entre janeiro e abril, uma quebra de 45% face ao período homólogo. A absorção no acumulado de 2025 foi impactada pela operação da nova sede do Banco de Portugal, com 32 mil m2. “Deduzindo o efeito dessa transação, o mercado não iria além dos 22 mil m2 tomados”, aponta o relatório.

As rendas prime aumentaram em algumas zonas, nomeadamente para 29 euros/m2/mês no Prime CBD, refletindo a limitação da oferta adequada aos atuais requisitos da procura, mesmo num contexto de arrefecimento das decisões de ocupação.

No Porto, a ocupação foi de 4.500 m2 no acumulado de 2025 até abril, reduzindo 79% em termos homólogos. As rendas prime mantiveram-se maioritariamente estáveis, situando-se no CBD Boavista nos 21 euros/m2/mês.

Já os ativos de industrial e logística tiveram um peso somente de 4%, sendo que no primeiro trimestre foram ocupados 84.100 m2 de área logística, numa quebra de 49% face ao período homólogo.

A zona de Oeiras-Cascais foi a mais ativa, agregando 32% da ocupação, seguida pelos eixos Montijo-Alcochete (23%) e Castanheira-Azambuja (20%), com apenas duas transações a ultrapassarem os 10 mil m2.

As rendas prime aumentaram para 6,75 euros/m2/mês em Oeiras-Cascais e 5,50 euros/m2 /mês no eixo Porto de Leixões-Aeroporto. As estimativas apontam para um reforço da oferta até 2027, no total de 1.420.000 m2, dos quais 64% se encontram em fase de construção.

Andreia Almeida, Head of Research da JLL Portugal, refere que “o impulso no investimento imobiliário é uma excelente notícia para o mercado e o país, confirmando que Portugal se mantém no radar do capital internacional, enquanto regista uma dinâmica especial por parte dos investidores domésticos”.

A responsável salienta que o mercado de investimento beneficiou da melhoria das condições macroeconómicas e prudenciais globais, associadas ao bom desempenho da economia portuguesa, com um crescimento do PIB acima da média da zona Euro e um baixo nível de desemprego.

“O mercado imobiliário vai beneficiar da possível estabilização do quadro político, com a tomada de posse do novo Governo. Por outro lado, as condições macroeconómicas devem manter-se na mesma linha, com a continuidade da política de corte nas taxas de juro e controlo de inflação. Por isso, embora tenhamos de ter em conta o potencial efeito do fim da moratória nas tarifas impostas pelos Estados Unidos, o investimento tem condições para manter uma trajetória positiva, até porque, em momentos de maior volatilidade, os ativos reais como o imobiliário, são naturalmente ativos de refúgio”, afirma.

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