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Investimento imobiliário comercial atinge valor mais elevado desde 2020

O Dils Recap, da consultora imobiliária europeia Dils, diz que o mercado de investimento teve um crescimento de 90% face ao período homólogo. “O capital estrangeiro manteve-se dominante, correspondendo a mais de 90% do total investido, com destaque para as estratégias core e value-add, que concentraram mais de 70% do volume transacionado”, refere a empresa.
construir casas Lisboa
17 Setembro 2025, 11h35

O investimento realizado no imobiliário comercial atingiu os 1,23 mil milhões de euros, no final do primeiro semestre, o que representa o melhor arranque desde 2020, diz o Dils Recap da consultora imobiliária europeia Dils.

O mercado de investimento teve um crescimento de 90% face ao período homólogo. “O capital estrangeiro manteve-se dominante, correspondendo a mais de 90% do total investido, com destaque para as estratégias core e value-add, que concentraram mais de 70% do volume transacionado”, refere a Dils.

“Os setores do retalho e hotelaria tiveram um peso significativo, com quase 50% e 25% do investimento, respetivamente. Entre as operações mais relevantes destacam-se a venda do Hotel Cascais Miragem 5* por 125 milhões de euros e as transações dos centros comerciais Nosso Shopping e Fórum Madeira, que, ultrapassam, em conjunto, os 130 milhões de euros. Neste primeiro semestre do ano, as yields mantiveram-se estáveis após a compressão registada no final de 2024″, adianta a consultora imobiliária.

Setor residencial tem desequilíbrio entre oferta e procura

“O setor residencial, por sua vez, continua a sofrer com um desequilíbrio significativo entre a oferta e a procura, o que mantém a pressão sobre os preços em todas as geografias”, diz o relatório.

Nos escritórios, salienta a Dils, apesar da queda de 34% na ocupação em Lisboa, as rendas continuam a subir, refletindo a “procura crescente” por imóveis de maior qualidade.

“O mercado industrial e logístico mantém-se sólido, apesar da redução na absorção, devido à escassez de oferta contrabalançada pela valorização da qualidade dos ativos. O retalho beneficia do aumento do consumo e do turismo, enquanto a hotelaria reforça a recuperação com a inauguração de 12 novos hotéis”, salienta a consultora.

O relatório diz ainda que a procura no mercado residencial “continua a superar” a oferta em todas as regiões, “mantendo a pressão” sobre os preços.

“Em Lisboa, este desequilíbrio traduz-se na venda de 14 fogos por cada unidade que entra no mercado. Entre 2020 e 2024, os preços registaram um crescimento médio anual de 5%, tendência que prossegue em 2025, impulsionada sobretudo pela valorização do stock de imóveis usados. Nos novos empreendimentos, a procura mantém-se dinâmica. No Porto, a procura mantém-se resiliente, especialmente entre os compradores nacionais, refletindo uma subida contínua dos preços médios”, diz a consultora.

Na região de Tróia/Comporta/Melides, observa-se uma “grande diversidade” de valores consoante o submercado, com a oferta a incluir novos projetos de segunda habitação direcionados ao mercado nacional. “Os preços variam entre cerca de 3.500 €/m² e mais de 10.000 €/m² para unidades de segmento premium”, salienta a Dils.

“No Algarve, os preços mantêm uma trajetória de crescimento, oscilando conforme o concelho e a microlocalização, com valores que rondam os 5.500 €/m² em Portimão e ultrapassam os 13.000 €/m² nas zonas do Triângulo Dourado”, acrescenta o relatório.

Nos escritórios Lisboa registou uma ocupação de 83.835 m², menos 34% face ao período homólogo, mas com um pipeline de cerca de 188.000 m², 67% dos quais já pré-arrendados.

“As rendas prime subiram para 30€/m²/mês, refletindo a qualidade dos novos ativos e a disposição dos ocupantes em garantir espaços que favoreçam a atração e retenção de talento”, diz a consultora imobiliária.

“Este recuo resulta da incerteza económica e geopolítica global, que tem atrasado decisões de ocupação, assim como dos constrangimentos do próprio mercado. Nos últimos anos, as grandes empresas deslocalizaram operações e o stock previsto para os próximos anos leva muitos ocupantes a aguardar uma maior clarificação sobre o pipeline e sobre as estratégias de relocalização”, adianta a Dils.

Mercado industrial e logístico caiu 50%

No mercado industrial e logístico, o primeiro semestre, totalizou 206.000 m², uma queda de 50% face ao período homólogo. “Em particular, o segmento logístico registou 176.000 m² absorvidos, correspondendo a uma redução de 20%”, indica a Dils

“Em Lisboa, o mercado registou uma absorção de 121.000 m², em linha com os valores dos últimos quatro anos, apesar da queda de 25% face a 2024. Entre as maiores operações destaca-se a tomada de cerca de 17.000 m² pela Worten e de 15.500 m² pela Tesla, ambas na Zona 2. Em pipeline encontram-se 108.000 m² de novos espaços previstos até ao final do ano na região de Lisboa. No Grande Porto, a absorção atingiu 32.600 m², um crescimento de 30% em relação ao ano anterior, com mais de metade da área absorvida concentrada na zona do Porto de Leixões/Aeroporto”, diz a consultora.

“As rendas mantêm-se estáveis, nos 5,25€/m²/mês em Lisboa e 5,50€/m²/mês no Porto, embora seja expectável uma subida, devido à crescente qualidade dos ativos”, acrescenta o relatório da consultora.

A Dils diz ainda que o retalho “continua a beneficiar” do aumento do consumo e do turismo, apesar da “oferta limitada em localizações privilegiadas”. A consultora sublinha que apesar do crescimento de cerca de 4% das vendas a retalho, “persistem constrangimentos que dificultam a expansão” de marcas internacionais no mercado.

“No Chiado, em Lisboa, destacam-se as aberturas das lojas MESH, Wells e New Balance. Já no Porto, a Avenida dos Aliados recebeu a nova loja David Rosas, enquanto a Rua Sá da Bandeira passou a contar com a Kraxe Wien. A taxa de desocupação em Lisboa situa-se nos 12%, com as rendas prime no Chiado a manterem-se estáveis em 140€/m²/mês. No Porto, a taxa de desocupação atinge os 16%, enquanto as rendas prime se mantêm nos 85€/m²/mês”, refere a o relatório.

É ainda referido que no primeiro semestre de 2025, foram inaugurados 12 hotéis, adicionando cerca de 1.000 quartos ao stock existente, com mais 4.500 quartos previstos até ao final do ano.

“Entre as novas aberturas destacam-se hotéis de cinco estrelas, como o MS Collection Mosteiro de Arouca e o The Editory by the Sea Lagos, bem como o rebranding do NAU São Rafael para Kimpton Atlântico, que marca a entrada da marca de luxo IHG em Portugal”, diz a Dils.

“Nos últimos 12 meses até maio de 2025, Portugal registou 81 milhões de dormidas, o que representa um crescimento de 3%, e 32 milhões de hóspedes, refletindo um aumento de 5% face ao período homólogo. Os principais mercados emissores continuam a ser o Reino Unido e a Alemanha, com um crescimento significativo de turistas americanos, que aumentaram 8%”, refere a consultora.

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