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Investimento na Defesa “é uma grande oportunidade para a indústria portuguesa”

É unânime a convergência de todos os participantes na ‘Future Summit’ – uma organização conjunta da AEP, AIMMAP e CEiA – em que o investimento “essencial para a Europa na Defesa” é uma oportunidade para a indústria portuguesa e para a reindustrialização europeia.
29 Maio 2025, 07h00

O debate sobre o papel da indústria da defesa na transformação económica do país está na ordem do dia e a totalidade dos participantes na ‘Future Summit’, uma iniciativa conjunta da Associação Empresarial de Portugal (AEP) da AIMMAP e do CEIiA, insiste que está aí uma excelente oportunidade para a indústria portuguesa. E também, acrescentam, para a reindustrialização europeia – contando que o financiamento seja do bloco dos 27 e, por isso, promova a independência da União face aos Estados Unidos.

“Como pode Portugal posicionar-se estrategicamente num mundo onde a Defesa deixou de ser apenas uma questão militar para se tornar também um motor de inovação e desenvolvimento económico? De facto, o mundo vive um contexto muito volátil e imprevisível, com transformações muito aceleradas, que são acompanhadas por mudanças ao nível da perceção dos riscos”, referiu Luís Miguel Ribeiro, presidente do conselho de administração da AEP na abertura do congresso.

“Hoje, os “Conflitos armados entre Estados” surgem no topo dos riscos a nível mundial, à frente dos riscos de natureza ambiental, como bem identifica o mais recente relatório do Fórum Económico Mundial. As tensões geopolíticas ocorrem num mundo fragmentado em três grandes blocos económicos: os Estados Unidos da América, a China e a União Europeia, blocos que possuem virtualidades muito distintas, em termos de resiliência e de capacidade de adaptação na resposta aos crescentes desafios”, referiu.

Para que essa oportunidade seja cumprida, o Estado deve fazer a sua parte, nomeadamente desburocratizando e atuando sobre os chamados custos de contexto. Esse é um papel muito importante, referiu Paulo Rios Oliveira, administrador da AICEP. “Ou entramos na velha postura e não vamos a jogo, ou aceitamos que temos vantagens competitivas. Temos grande capacidade de inovação. Somos concorrenciais quanto a inovação é mais necessária “. Mas deixou uma nota fundamental: “é evidente que isto não é para corredores solitários. É para ser feio em conjunto” – e nesse contexto “há uma importância acrescida das associações e dos clusters que importa envolver” no setor das Defesa.

Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), considerou que “a metalurgia fez ao longo dos anos algumas revoluções silenciosas, que fizeram triplicar as exportações no espaço de 15 anos. São referências para o automóvel, para a energia, etc.. E chamou a atenção para a burocracia europeia: “temos de trabalhar de forma coesa, de forma articulada, para chegarmos a centros de decisão importantes como por exemplo o caso da NATO”, sendo essencial que “o Estado ajude a desbloquear os custos de contexto”. Para todos os efeitos, concluiu, há no setor da Defesa “oportunidades de negócio muito grandes”.

A EMAF – Feira Internacional de Máquinas, Equipamentos e Serviços para a Indústria, no âmbito da qual se realizou a ‘Future Summit’, lotou por completo o recinto de exposições da Exponor. Sob o mote da dupla transição de paradigma — digital e ecológica — o certame “desafia as empresas a abraçarem os conceitos da indústria 4.0 e 5.0, apostando na automação, robótica, inteligência artificial e modelos de produção mais eficientes e sustentáveis. A presença de expositores e compradores oriundos de mercados como Alemanha, China, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, Itália e Reino Unido reforça também o objetivo da feira como plataforma de internacionalização e crescimento das exportações nacionais”, refere a organização.

Como destaca Diogo Barbosa, diretor-geral da Exponor, “a EMAF continua a ser a maior e mais representativa feira ibérica profissional do setor industrial. Um espaço onde se fazem contactos valiosos, conhecem-se inovações de todo o mundo e desenham-se parcerias com impacto real nos negócios”.

A presença de vários compradores internacionais e de expositores oriundos de várias paragens “é outro dos atrativos para os expositores, que veem aqui uma forte probabilidade de trilharem o caminho da internacionalização e aumentarem o volume de exportação”, sublinha Diogo Barbosa.

O setor da metalurgia e metalomecânica responde atualmente por uma produção de 40 mil milhões de euros e emprega 250 mil pessoas, exportando 23,25 mil milhões, com um Valor Acrescentado Bruto superior aos 10 mil milhões de euros.

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