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José Varejão: “Invistam na vossa formação integral”

Nesta entrevista, José Varejão, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, explica os trunfos que fazem desta faculdade a campeã das médias de acesso ao ensino superior deste ano na sua área: 171,0 em Economia e 175,0 em Gestão.
20 Setembro 2017, 07h25

Os resultados da primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao ensino superior deram a liderança à Faculdade de Economia da Universidade do Porto, também conhecida pela sigla FEP, nos dois cursos de licenciatura que ministra: Economia e Gestão. A escola, de 64 anos, já deu cerca de 16.000 alumni e conta 2.978 estudantes de grau, dos quais 1.536 de licenciatura, 1.347 de mestrado e 95 de doutoramento.

O que explica a elevada procura pelos cursos da FEP, que registam a nota de entrada mais alta entre os pares?
De facto, a FEP regista a nota de entrada mais alta quer no curso de Gestão, quer no de Economia. A elevada procura dos cursos de licenciatura da FEP traduz o reconhecimento, neste caso pelos estudantes e suas famílias, da qualidade da formação que sempre caracterizou a escola, mas também da sua atenção às alterações das expectativas de estudantes e empregadores relativamente ao que é, ou deve ser hoje, a formação de um economista ou gestor.

E como é?
Esta não se esgota na formação técnico-científica e no desenvolvimento de competências analíticas e pensamento crítico, mas faz-se também de uma relação próxima com o meio económico e empresarial, de um ambiente favorável ao desenvolvimento pessoal dos estudantes e da experiência de aprendizagem em ambiente multicultural, de oportunidades de mobilidade internacional e da atenção aos valores da sustentabilidade e da responsabilidade social.

Como responde a FEP a este enquadramento?
A FEP está atenta a estas alterações na procura, bem como às oportunidades de melhoria nos domínios da inovação pedagógica e de atualização da oferta de formação curricular e extracurricular. A par disso, a FEP oferece um ambiente académico ímpar, fruto do dinamismo dos seus alunos e das suas muitas organizações. E, estando integrada na Universidade do Porto, a FEP disponibiliza aos seus estudantes o acesso aos recursos de uma das maiores e melhores universidades portuguesas, seja no domínio da cultura, seja no do desporto ou na ação social. Penso que os bons resultados que a FEP registou este ano são fruto do reconhecimento pelos alunos do trabalho que se faz na faculdade, reconhecimento que é, aliás, partilhado pelos empregadores.

Como analisa “o desempenho” histórico de Gestão?
Criado após a licenciatura em Economia, o curso de Gestão da FEP completa agora 30 anos. É um curso consolidado que formou já 25 gerações de gestores que desempenham cargos de relevo em empresas nacionais e internacionais. O curso atraiu sempre um contingente de candidatos muito superior ao número de vagas disponibilizadas e tem vindo a registar um número crescente de candidatos com elevadas classificações. É para nós motivo de grande satisfação ver confirmado, simbolicamente por esta forma, o reconhecimento externo do trabalho que se faz na faculdade, neste caso, também no curso de Gestão.

Qual é a empregabilidade das licenciaturas/mestrado integrado da Faculdade?
A FEP, como as restantes escolas de Economia e Gestão, não tem cursos de mestrado integrado.

Tem cursos de licenciatura e cursos de mestrado. Falemos da empregabilidade de ambos.
A taxa de empregabilidade dos graduados pela FEP é, de facto, muito elevada, rondando, segundo números do Instituto de Emprego e Formação Profissional, os 94% após a obtenção do grau. Trata-se de um valor que traduz quer o reconhecimento da qualidade da formação curricular que a FEP oferece, quer o trabalho que tem vindo a ser feito no domínio da formação extracurricular, quer ainda as atividades desenvolvidas para a promoção da empregabilidade e planeamento de carreira. Especialmente ao nível dos mestrados, a realização de estágios curriculares e o contacto regular dos estudantes com empregadores, na FEP e nas empresas, são fatores que também contribuem para os bons níveis de empregabilidade que registamos.

Alguma iniciativa a destacar no domínio da promoção da empregabilidade?
O Porto de Emprego, a maior feira de emprego organizada em Portugal por estudantes (através da FEP Junior Consulting), e que conta já com 17 edições anuais, é mais um sinal da importância que que damos à empregabilidade dos nossos estudantes e um contributo importante para os resultados que apresentamos neste domínio.

Em Portugal, onde estão os empregos nas áreas da Economia e da Gestão?
Estão, sobretudo, nos setores dos serviços às empresas, com especial destaque para as empresas de consultoria e auditoria, no setor financeiro e nas grandes empresas de retalho, mas também crescentemente nas novas empresas tecnológicas. As empresas estrangeiras que se têm vindo a instalar em Portugal, especialmente naqueles setores, são uma fonte de emprego de economistas e gestores especialmente importante neste momento. No domínio específico da Economia, são ainda bons empregadores as grandes organizações nacionais e internacionais, bem como as associações empresariais, e mais uma vez as grandes empresas com bons departamentos de análise económica. É também cada vez mais importante a procura de economistas e gestores com boa formação em análise de dados para apoio à decisão em economia e gestão, o que exige uma boa formação quer em estatística e sistemas de informação, quer em economia e gestão. Este é, aliás, um dos domínios em que a FEP, que integra uma rede internacional de mestrados em Métodos Quantitativos para a Economia e a Gestão, se destaca.

Tem conhecimento de licenciados vossos que estejam desempregados ou que estejam em trabalhos fora da área
de especialização?
Felizmente são muito poucos, mas acontece certamente e aconteceu sobretudo durante o período de crise que a economia portuguesa atravessou. Ainda que o número de casos seja limitado, esta é uma área a que procuramos também estar atentos, até porque entendemos que a nossa responsabilidade perante os nossos estudantes não termina com a conclusão da formação. A FEP disponibiliza aos alunos já graduados apoio em termos de planeamento de carreira, que pensamos ser eficaz também nestes casos.

Que conselhos dá aos futuros gestores e economistas deste país que agora entram na casa que dirige?
Que invistam na sua formação integral, valorizando a formação teórica que os habilita a compreender a natureza dos problemas com que se irão defrontar, a colocar as questões certas e a comparar intervenções alternativas, e que invistam também na sua formação em domínios complementares, como o das competências pessoais. E que em todas as suas atividades enquanto estudantes se comportem de acordo com os padrões éticos e de integridade académica que partilhamos, e assim se preparem para ser economistas e gestores socialmente responsáveis, sem deixarem de ser exigentes com a Faculdade. Fazendo-o estarão preparados, como as várias gerações que os precederam, para ocupar posições de topo no mais variado tipo de organizações que não deixarão de reconhecer o seu potencial.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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