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Isaltino Morais: “Políticos têm todos medo da justiça”

O autarca de Oeiras aponta que a justiça deveria interferir “muito mais na justiça”, nomeadamente no Parlamento.
15 Maio 2023, 08h22

O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, admitiu em entrevista que nunca se zangou com a justiça, mesmo quando esteve detido por fraude fiscal e branqueamento de capitais, e que a política não intervém na política porque os políticos têm receio da justiça.

“Temos de ter sempre confiança na justiça, temos de acreditar que as situações anómalas na justiça são mesmo situações excecionais. Porque a justiça é realmente o último reduto de defesa de cada um”, conta ao “Diário de Notícias”.

Sobre os homens e mulheres que praticam a justiça, o autarca tem outra opinião. “Obviamente que os juízes e os procuradores são homens e mulheres, há de tudo, bons, maus, competentes e incompetentes”.

“O que está mal não é na justiça, o que está mal é (…) quem avalia a justiça, porque partem do princípio que a justiça tem sempre razão, que as sentenças são sempre corretas. Um dos grandes problemas em Portugal é não haver nem escrutínio, nem controlo dessas decisões. Parte-se do princípio de que há independência. E então os políticos cobardes dizem normalmente ‘à justiça o que é da justiça, à política o que é da política’. São uns mentirosos. Porque na realidade todos os dias se intrometem na justiça”, ressalva Isaltino Morais à publicação.

O autarca de Oeiras aponta que a justiça deveria interferir “muito mais na justiça”, nomeadamente no Parlamento. “Dizer que a política intervém na justiça, não, porque os políticos têm todos medo da justiça. Esse é um dos grandes problemas de Portugal. É que quem não é independente em Portugal são os políticos”.

Explorando a hipótese de a Assembleia da República se fundir com a justiça, Isaltino defende que “em sede de Parlamento deve haver a criação de condições para que a justiça possa ser escrutinada. A justiça não é autogoverno puro. Em Portugal o Ministério Público é autogoverno. Então, isto é um problema de autogoverno. Portanto, isto está tudo errado”.

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