A 7.ª edição do Prémio SCML/MSD ficou marcada pelo número recorde de candidaturas recebidas: 68 projetos provenientes de todo o país. Destes, sagrou-se vencedor o estudo de um grupo de investigadores da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
A investigação de Joana Araújo, Milton Severo, Henrique Barros e Elisabete Ramos teve início em 2003 e analisou parâmetros como peso, altura, pressão arterial e resultados bioquímicos das amostras de sangue, de mais de 2.000 jovens nascidos em 1990 da zona do Porto, em diferentes fases de crescimento (13, 17, 21 e 24 anos de idade).
Tendo como premissa o facto de a obesidade contribuir para o desenvolvimento de fatores de risco cardiovascular, a curto e longo prazo, os investigadores orientaram a pesquisa para a análise do papel das flutuações da adiposidade durante a adolescência no aparecimento de problemas cardiovasculares na idade adulta. “Esta é apenas a ponta do iceberg daquilo que tem vindo a ser desenvolvido há 15 anos”, afirmou Elisabete Ramos. “A mais-valia desde estudo é a avaliação da adiposidade ao longo de vários anos e não apenas no momento presente”, salienta.
Este estudo permitiu, assim, concluir que os indivíduos que apresentam maior exposição à adiposidade durante a adolescência têm valores superiores de pressão arterial e de resistência à insulina na idade adulta, o que se traduz num aumento do risco cardiovascular. Verificou-se que maiores níveis de adiposidade ao longo da adolescência, independentemente do valor de gordura corporal (índice de massa corporal) na fase adulta, condicionam um pior perfil de risco cardiovascular.
A investigação reforça, desta forma, que além da quantidade, também a duração da exposição ao excesso de gordura corporal é relevante nos riscos associados ao excesso de peso.
Adicionalmente, o trabalho propõe uma nova forma de sumariar a exposição à adiposidade num determinado período de tempo, proposta esta com grande potencial para a utilização em futuros estudos epidemiológicos que visem compreender melhor os riscos associados ao excesso de gordura corporal. “Tendo em conta o quadro atual de obesidade, espera-nos um cenário muito pior no futuro”, disse Elisabete Ramos, que destaca a importância da prevenção.
A cerimónia decorreu ontem, ao final da tarde, no Palácio da Bemposta, em Lisboa, e contou com as intervenções do General Comandante da Academia Militar, Major General João Vieira Borges; do Diretor-Geral da MSD, Dr. Vítor Virgínia e do Presidente da SCML, Prof. Dr. Luís Graça. No mês em que celebra 195 anos, a SCML não escolheu o local ao acaso. Foi no Palácio da Bemposta, na mesma sala onde decorreu a cerimónia, que, em 1822, a sociedade foi apresentada a D. João VI.
O Prémio SCML/MSD pretende contribuir para a dinamização da investigação na área da Saúde em Portugal, conferindo, todos os anos, um prémio no valor de 20 mil euros ao melhor trabalho de investigação em temas de Saúde Pública e Epidemiologia Clínica.
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