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Israel: forças armadas aprovam guerra ofensiva no Líbano

As Forças de Defesa de Israel (IDF) dizem-se prontas para o combate – e a fase de defesa face aos ataques vindos de tropas do Hezbollah parece estar ultrapassada. Entretanto, a crise política interna prossegue.
20 Junho 2024, 07h30

O chefe do Comando Norte das FDI, major-general Ori Gordin, e o chefe da Divisão de Operações, o major-general Oded Basiuk, aprovaram os planos de intervenção armada no Líbano, avançaram fontes citadas pela imprensa do país. O plano já não tem apenas a ver com a defesa do território face aos ataques do Hezbollah: tudo indica que, mais uma vez, as tropas de Israel se prepararam para cruzar a fronteira e penetrar no Líbano para perseguir o exército do grupo radical patrocinado pelo Irão.

Em comunicado, as IDF disseram que os generais realizaram uma avaliação, finda a qual “os planos operacionais para uma ofensiva no Líbano foram aprovados”. Os comandos superiores também tomaram decisões sobre “acelerar a prontidão das forças no terreno”, acrescentava o comunicado. O anúncio foi feito no quadro dos repetidos ataques do Hezbollah e de grupos palestinianos aliados instalados no Líbano, no norte de Israel. A população há muito que foi deslocada para lugar seguro, e os analistas já tinham antecipado a forte possibilidade de haver mais uma ‘guerra do Líbano’ – como sucedeu em 2006.

Israel advertiu que não pode tolerar mais a presença do Hezbollah ao longo da fronteira comum, que tem sido cada vez mais violenta desde 7 de outubro passado, e alertou que, se uma solução diplomática não for alcançada, recorrerá à ação militar para empurrar o Hezbollah para o norte do Líbano.

Entretanto, as escaramuças entre os dois lados da fronteira continuam. Até agora, os recontros diários resultaram em 10 mortes de civis do lado israelita, bem como a morte de 15 soldados; do outro lado da fronteira, o Hezbollah disse que 343 elementos foram mortos por Israel, a maioria no Líbano, mas alguns também na Síria. Ainda no Líbano, outros 63 agentes de outros grupos, um soldado libanês e dezenas de civis foram mortos.

Os militares disseram que as defesas aéreas israelitas derrubaram um drone sobre o mar ao largo da costa de Gesher HaZiv, no norte de Israel, perto do Líbano. Ao mesmo tempo, as IDF afirmaram que aviões de guerra atingiram vários alvos do Hezbollah no sul do Líbano, incluindo infraestrutura em Taybeh, Odaisseh e Jebbayn, e um prédio em Ayta ash-Shab. Na passada terça-feira, o Hezbollah divulgou imagens do que disse ser um de seus drones de reconhecimento a sobrevoar o norte de Israel, incluindo o porto de Haifa.

“Estamos muito perto do momento em que decidiremos mudar as regras do jogo contra o Hezbollah e o Líbano”, alertou o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, em comunicado. “Numa guerra total, o Hezbollah será destruído e o Líbano será duramente atingido.”

A Guerra do Líbano de 2006 foi apenas mais um episódio do conflito alargado entre Israel e o mundo muçulmano (e não apenas o árabe). Ocorreu em julho de 2006, depois de dois soldados israelitas terem sido sequestrados por tropas do Hezbollah – que na mesma operação matou três soldados e feriu outros dois. O conflito durou 34 dias e resultou na morte de 1.200 pessoas no Líbano, a maioria civis, e 157 israelitas, a maior parte soldados.

Entretanto, na frente política, o governo liderado por Benjamin Netanyahu continua a dar mostras de estar a desfazer-se. O Likud, partido do primeiro-ministro, acusou o líder do Otzma Yehudit, Itamar Ben Gvir (ministro da Segurança Nacional), de deixar escapar segredos de Estado – após a publicação na imprensa de informações sobre o facto de Netanyahu ter oferecido a Ben Gvir informações de segurança sensíveis em troca do seu apoio ao ‘velho’ projeto de lei que iria diminuir o poder dos tribunais superiores israelitas.

Ben Gvir teria decidido contar a história como vingança por Netanyahu nunca o ter chamado para o gabinete de guerra. O ministro exigiu por diversas vezes ser incluído no entretanto extinto gabinete, afirmando o seu desejo de estar entre aqueles que lideram a tomada de decisões na guerra. Netanyahu nunca permitiu que o extremista de direita ascendesse a esse lugar, apesar do ‘pomposo’ nome do seu gabinete.

Ao longo de quarta-feira, os jornais noticiaram também que a administração Biden decidiu suspender (ou atrasar) o envio de aviões de guerra F15 para Israel. Os Estados Unidos não avançaram com a venda de uma frota para Israel, mesmo depois de os líderes do Congresso concordarem em permitir o negócio, revela o “The Wall Street Journal”.

O Congresso havia bloqueado o negócio devido a preocupações sobre mortes de civis durante a guerra na Faixa Gaza, mas a restrição foi levantada em 22 de maio, o que permitiria ao Departamento de Estado notificar formalmente a venda. Ora, isso não aconteceu: o governo de Joe Biden ainda não tomou a medida, atrasando um negócio de 18 mil milhões de dólares (para 50 aviões).

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