Isto de ser autarca, nos dias que correm, exige bem mais do que as qualificações inerentes a uma carreira realizada em serviço publico. A responsabilidade, sobretudo, mas não limitada à honra do exercício da democracia é excecionalmente preponderante, devendo, entre outras, fazer valer não só a retidão, ética e probidade, mas também o amor.
Falo do amor às pessoas, um amor coletivo que se tem por um povo, cuja única vontade é amar desmedidamente. Esta proteção ao povo não se deve ficar pelo inerente espírito de liderança, mas sim, por uma vontade honesta e genuína de mudar as suas vidas para melhor.
Este amor às gentes da terra passa também, naturalmente, pelo amor à terra, à natureza e ao ambiente, à cultura e às tradições. As vivências fazem o meio (e o meio faz as vivências) e estas traduzem-se em tradições, procurando o autarca vivenciar e amar, proporcionando sempre o melhor de si.
O autarca é um fazedor, na verdade. Faz por dedicação, paixão e amor; e o que são os dois primeiros senão reflexo do terceiro? É isto que move o verdadeiro autarca, na esfera das atribuições e competências das autarquias. É um amor que dá, sem esperar retribuição. Arrisco-me a dizer, um amor puro e desinteressado.
O contrato social – muito debatido na filosofia política – designa-se por ser um pacto (hipotético) entre o povo (a sociedade) e os seus governantes, definindo estes os direitos e deveres de cada um, devendo sempre ser regido por valores e padrões de comportamento ajustados à cultura de cada povo, e, naturalmente, aos valores da Pessoa Humana.
Muitas foram as teorias, debatidas por uma enorme família de filósofos, e todas divergiam no mesmo: a tentativa de justificar e delimitar a autoridade política com base no interesse próprio individual e no consentimento racional.
Os governos autárquicos desempenham um papel preponderante na política local e são essenciais para a conscientização dos territórios e a melhoria das condições de vida das populações e da infraestrutura que os sustenta. A função da instituição autárquica é o alicerce por onde se rege o contrato social.
Um autarca é um chefe do município, que deve reunir uma combinação de capacidades políticas e administrativas, entre outras. Ele ou ela é, ainda, um fator decisivo no desenvolvimento económico, social e cultural da região e do país.
Ser-se autarca, é, sem dúvida, uma honra, embora seja também um desafio bastante exigente. Uma parte essencial no papel de autarca é fazer-se tudo o que estiver ao nosso alcance para manter as pessoas nos concelhos. Só assim se partilha a nossa paixão em proporcionar o melhor para o povo.
Os desafios dos autarcas, principalmente dos que iniciam agora a carreira, serão talvez os de natureza financeira. Pede-se ao governo local que dê mais por menos. Numa direção liderada pela procura, como a de crianças, famílias e educação, isto prova ser um enorme desafio, especialmente quando estamos continuamente a desafiar e a melhorar o serviço que prestamos.
Conhecer os jovens e ouvir as suas histórias e aspirações, o mesmo é dizer, ouvi-los quanto ao que procuram, ao que buscam. Porque esses serão os autarcas de amanhã, que governarão igualmente pelo amor e pela paixão que aqui descrevo, prosseguindo os exemplos que viram enquanto munícipes.
Embora tenhamos muitos desafios estratégicos a enfrentar, é crucial nunca perdermos de vista a responsabilidade que temos em moldar a vida das pessoas. Estou certo de que isto é amá-las. Amar o Povo.
Posto isto, um autarca deve e deverá sempre ter tudo isto em mente aquando da sua governação, e, consequentemente, governar sempre com os limites que a sociedade estabeleceu. Mas que o faça apaixonado por fazer o bem. Fala-vos alguém que, nos últimos vinte anos, já percorreu diversos patamares do poder local, de Presidente de uma Assembleia de Freguesia a deputado intermunicipal, de Vereador a deputado municipal, sempre na busca de um futuro melhor para a minha comunidade.
Uma coisa é certa: a vida de um qualquer autarca com paixão à terra, é desafiante, é emocionante, tem adrenalina e por isso, nunca será monótona! Não há monotonia possível quando se quer e se age pelo bem dos outros, pelo bem de todos.