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“Isto é um absurdo”. Prédio com 60 metros de altura gera polémica em Lisboa

“Nunca existiu um edifício assim na Avenida Almirante Reis, um eixo essencial e histórico de Lisboa – e abrir este precedente é assumir uma cidade que não serve o interesse dos cidadãos”, realçou a vereadora da Câmara Municipal de Lisboa pelo PCP.
  • Plano para Portugália Plaza
7 Maio 2019, 15h54

O quarteirão do restaurante Portugália, na Avenida Almirante Reis, vai sofrer alterações. Os terrenos que estavam abandonados há diversas décadas vão ser urbanizados por um fundo imobiliário alemão, noticiou o jornal ‘Diário de Notícias’ no fim-de-semana.

O jornal noticiou que ao lado da conhecida cervejaria vai nascer um prédio com 60 metros de altura. O mesmo terá 16 andares, e ao longo destes vão ser dispostos 85 apartamentos para habitação. O projeto da parcela norte da torre já foi aprovado pelo departamento de Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa (CML), e deverá tornar-se um dos edifícios mais altos da capital.

Com a atual Cervejaria Portugália a erguer-se a 21,75 metros do solo, fora os alicerces em que está assente, com um total de cinco andares, a construção do novo edifício não é consensual. Ana Jara, vereadora da CML pelo PCP, garantiu ao jornal que “isto é pura e simplesmente um absurdo”.

“Nunca existiu um edifício assim na Avenida Almirante Reis, um eixo essencial e histórico de Lisboa – e abrir este precedente é assumir uma cidade que não serve o interesse dos cidadãos”, anunciou a vereadora. “Não tinha dúvidas de que, num antigo terreno industrial abandonado há décadas, teria de se pensar num novo uso, mas as exceções têm de servir um propósito público e este só tem interesse para os investidores privados”, explicou.

Quarteirão para onde está planeado a construção do empreendimento Portugália Plaza

O empreendimento Portugália Plaza vai estar localizado numa das zonas mais procuradas para habitação. No total, vão ser cinco fogos T0, 44 de tipologia T1, 17 fogos serão T2, sendo outros 17 T3. O espaço vai ter ainda dois apartamentos T4.

Para além de servir de habitação, o edifício vai contar com 16 escritórios, espaços de co-work, uma zona comercial no piso térreo que vai rodear as duas praças interiores. A construção deste edifício vai permitir a circulação pelo interior do quarteirão, que se localiza entre a Avenida Almirante Reis e a rua António Pedro.

Para já, sabe-se que as obras vão custar 40 milhões de euros, e os investidores do empreendimento prevêem uma conclusão para o primeiro trimestre de 2022. David Teixeira, diretor operacional do projeto, disse ao ‘Diário de Notícias’ que esta torre vai assentar no conceito co-living: “É um conceito inovador focado na convivência, garantindo a privacidade através da oferta de unidades de habitação de tipologias mais pequenas e a partilha de áreas comuns”.

O diretor acrescentou ainda que estas tipologias “potenciam o sentido de pertença através da concretização de eventos inspiradores”, afirmando que. quando a construção estiver finalizada, será possível realizar sessões de cinema ao ar livre, na praça interior.

Segundo a empresa Essentia, à qual David Teixeira pertence, o fundo alemão quer “manter um perfil discreto”. O jornal noticia ainda que este fundo tem uma carteira de investimentos imobiliários de 550 milhões de euros, e que apostam no setor de luxo. De acordo com o ‘Diário de Notícias’, o fundo alemão é gerido pela SilVip, gestora imobiliária de José Manuel Pinheiro Espírito Santos Silva, que por sua vez é primo de Manuel Salgado, o vereador de Urbanismo da CML. No entanto, a operacionalidade destes trabalhos foi sempre assegurada por terceiros parceiros.

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