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Itália: Práticas de viagem

Enquanto destino de viagem, há poucos países no mundo que sejam tão consensuais como a Itália. Seja pela comida, pelo refinamento, pela paisagem natural ou pelo legado histórico e cultural, este é um país que merece ser visitado de norte a sul, e de preferência várias vezes.
30 Junho 2017, 10h40

Esta é também a opinião do escritor, jornalista e gestor cultural António Mega Ferreira, que agora publica na Sextante Editora o livro “Itália – Práticas de viagem”, alargando assim o âmbito de um livro anterior, “Roma – Exercícios de reconhecimento” (na mesma editora), seguindo o mesmo método: o livro, que não é um guia, aborda “temas da paisagem histórica, artística e humana da Itália, ao sabor das minhas inclinações e gostos”.

António Mega Ferreira começa pelos confins da Itália, por essa cidade aberta ao mar, onde se cruzam caminhos e civilizações, que pertence mais ao Império Habsburgo do que à república italiana, berço de tantos escritores (Svevo, Saba, Magris) e onde James Joyce viveu durante cerca de uma década: Trieste. Mantendo-se nas margens do Adriático, segue depois para Veneza. Guiam-lhe os passos o pintor Jacopo Robusti, mais conhecido como Tintoretto, o compositor Claudio Monteverdi e, inevitavelmente, Casanova, que após a evasão da prisão, ficará impedido de voltar à sua amada cidade durante dezoito anos.

Vêm depois dois capítulos dedicados à Emilia-Romagna (destaque para Bolonha, onde foi criada a primeira universidade europeia, em finais do século XI, e Ravena, a “Bizâncio em Itália”, com o mausoléu de Galla Placidia, deslumbrante capela decorada com mosaicos bizantinos) e à Toscana, com as suas paisagens campestres tão semeadas de ciprestes como de torres medievais. O último capítulo cabe a Roma e, em particular, ao artista que mais marcou a “cidade eterna”: Bernini. Nele, há ainda espaço para uma pequena história ligando Portugal e o rei D. Henrique, responsável pela criação de uma universidade em Évora, à basílica de Santi Quattro Coronati, mosteiro agostiniano, onde as monjas preservam um oásis de sossego no seio da movimentada capital da Itália.

Para finalizar, o autor escolheu um pequeno acontecimento, o nascimento de uma nova palavra na língua italiana: “petaloso”. É uma bela história, sobretudo por ser verdadeira e por ser tão plenamente demonstrativa do que é o país de Dante e Italo Calvino, de Giotto e Caravaggio, de Rossini e Verdi e de Michelangelo e Bernini, entre tantos, tantos outros.

A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante

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