Não existe ainda nenhum plano de vacinação contra a Covid-19, tendo a ministra da Saúde dito que estaria em gestação uma comissão de técnicos “interministerial” para o preparar. Entretanto, em Espanha, Reino Unido e nos EUA tais planos não só existem como, inclusivamente, já os estão a implementar.

Se fosse primeiro-ministro (Deus me livre!) estaria já a fazer um levantamento logístico dos armazéns, com e sem refrigeração, perto dos aeroportos de Lisboa, Beja e Porto, ou das estações ferroviárias internacionais ou de centros rodoviários internacionais, dos veículos de distribuição, com e sem câmara frigorífica, dos locais de distribuição, incluindo zonas de arrefecimento frigorífico, e, “last but not the least”, pessoal especializado ou formado ad hoc, para inocular os cidadãos nacionais, numa escala de prioridades (aqui seguindo o que os outros países já anunciaram) – pacientes de risco, pessoal médico e auxiliar, auxiliares de pacientes de risco, funcionários e utentes, incluindo visitantes periódicos de lares e restante população (os políticos seriam os últimos da fila).

Utilizar a TAP, a aviação militar, a CP, os operadores privados, rodoviários e ferroviários, com câmaras frigoríficas, caso houvesse necessidade, e arrendar ou requisitar armazéns logísticos.

Contratar ou requisitar veículos de distribuição (“last mile”), utilizando a frota dos privados afecta à distribuição de bens, e todos os veículos militares idóneos, para que a distribuição aos locais de inoculação fosse expedita e eficaz, fazendo a ligação “porta a porta” dos referidos armazéns aos pontos de inoculação.

Os hospitais, públicos e privados, com zonas delimitadas para a inoculação, as farmácias, que estivessem dotadas de zonas de armazenagem com os requisitos indispensáveis, os centros de saúde e de enfermagem, com protocolos com o Estado/SNS, e utilizar, e formar, os nossos militares para a inoculação porque o combate sanitário é uma guerra!

Utilizar parques de estacionamento, como se vê amiúde nos nossos noticiários, em que as pessoas seriam inoculadas sem sair dos seus carros.

Desburocratizar e inocular qualquer pessoa, independentemente da sua prioridade, que se apresentasse num local de inoculação, porque os prioritários teriam um plano específico de inoculação, com protocolos com as Câmaras Municipais e juntas de freguesia, nas quais se delegaria a concepção e implementação de planos de inoculação regionais.

E a montante, claro, teriam de obter o aprovisionamento de, pelo menos, 10 milhões de vacinas para se obter o almejado desiderato da imunidade de grupo! Esta parte, graças a Deus, está garantida pela União Europeia e será, infelizmente, a logística que funcionará…

Tudo isto teria de estar pensado, planeado e gizado. Tudo isto teria de ser implementado de modo eficaz e eficiente (embora aqui o custo seja sempre negligenciável), utilizando os recursos disponíveis do sector público, envolvendo as forças armadas, com expertise única em logística de guerra, e sem qualquer burocracia.

Aprovar um diploma legal excepcionando do regime dos contratos públicos todos estes acordos e protocolos, flexibilizando o regime de contratação de bens e serviços por parte do Estado, permitindo o ajuste directo e autorizando a requisição civil. O que custa à economia estar parada suplanta qualquer desvio anormal nesta contratação pública…

Definindo prazos e metas e informando o povo do conseguimento desses resultados. E com o incentivo dos políticos ficarem para último estou convencido que tudo isto se poderia implementar. Mas alguma coisa me diz que serão os políticos a serem vacinados em primeiro lugar… E tudo será feito à última hora, na filosofia do desenrasca muito português.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.