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Privados estimam aumentos de 4,1% em Portugal no próximo ano

Estudo salarial, da consultora especializada em gestão organizacional Korn Ferry, tem por base dados de 500 empresas privadas a operar no país. O aumento médio previsto por estas empresas de 4,1% está abaixo dos 4,7% acordados na Concertação Social.
IRS dinheiro
12 Novembro 2024, 07h30

Os privados estimam um incremento salarial médio de 4,1% para 2025, ligeiramente abaixo dos 4,7% estipulados no Acordo Tripartido sobre Valorização Social e Crescimento Económico, assinado recentemente em sede de Concertação Social entre o Governo, as confederações patronais e a UGT. Já para 2024, o setor privado reporta um aumento salarial médio entre 3,0% e 4,8%.

A estimativa é avançada pela consultora especializada em gestão organizacional e de pessoas Korn Ferry no estudo “Compensation Survey 2024”, que analisa dezenas de países em várias regiões do mundo, incluindo Portugal. No nosso país, foram auscultadas 550 empresas de vários setores de atividade, da engenharia às finanças, logística e hotelaria, entre outros, que empregam mais de 200 mil pessoas.

As empresas financeiras protagonizam o maior aumento salarial médio em Portugal, consideravelmente acima dos restantes setores. Significativo é também o reforço de Lisboa como a região do país com os salários mais elevados. A diferença salarial entre a capital e as outras regiões acentua-se em 2024. “Essa discrepância nos salários base cresceu cerca de 2% face ao ano anterior, reforçando a distância entre os rendimentos médios de Lisboa e o resto do país”, refere a Korn Ferry.

Considerando as cinco regiões de comparação – Norte, Área Metropolitana do Porto, Centro, Sul e Ilhas – a diferença média nos salários base é de 8,6%, com as Ilhas e a Área Metropolitana do Porto apresentando as maiores lacunas em relação à capital. “Isso indica uma concentração de salários mais altos em Lisboa, o que pode refletir tanto o custo de vida mais elevado na região quanto uma maior presença de setores com rendimentos elevados, como tecnologia e serviços financeiros”, pode ler-se.

Em Portugal, as tecnologias de informação continuam a ser a área com maior dificuldade de contratação. Também se verificam dificuldades na produção, logística e supply chain, vendas e engenharia. Ainda assim, salienta a Korn Ferry, a melhoria é significativa. Com efeito, cerca de metade das inquiridas revelam ter sentido escassez de recursos, quando um ano antes eram dois terços a queixar-se do mesmo. Na prática, isto quer dizer que a oferta de talento é agora maior, consequência também da menor taxa de desemprego.

Também o turnover voluntário tem vindo a decrescer ao longo dos últimos anos, assinala a Korn Ferry. Está mais focado nas áreas de vendas, produção e TI (tecnologias de informação), sendo praticamente nulo em funções de gestão. Explicação? “Este ponto é também influenciado não só pela queda da taxa de desemprego, mas também pelo próprio contexto económico e pelo trabalho efetuado pelas organizações ao nível de retenção de talento”.

Outra variável analisada é o gap salarial entre homens e mulheres, que aos poucos tem vindo a encurtar, não apenas em cumprimento da legislação, mas também pela maior consciencialização das empresas para o tema. Segundo o estudo, em 2024, a diferença foi de 3,9%, sendo superior nos níveis mais elevados das organizações. Nos cargos de topo, apesar da evolução positiva nos últimos anos, existe uma menor prevalência de mulheres nos cargos com maior responsabilidade, adianta. Apenas cerca de três quartos dos quadros médios são mulheres, diminuindo para cerca de 18% quando em funções executivas.

De referir ainda na vertente de benefícios extrassalariais, o Top 3 é ocupado pelo seguro de saúde (97%), automóvel (86%) e seguro de vida (73%). Apenas 24% dos inquiridos referem optar por benefícios associados à utilização de transportes públicos ou commuting.

A Korn Ferry constata que as empresas que permitem trabalho remoto têm vindo a aumentar ao longo dos últimos anos, inclusivamente após o período da Covid. Em 2024, atingiu 91%, contra 82% em 2023, com grande parte das empresas a permitir dois a três dias de trabalho remoto por semana.

Aumentos salariais previstos na Europa Ocidental em 2024

No conjunto dos 18 países considerados neste grupo, Portugal, com uma estimativa de aumento salarial médio de 4,9% em 2024, ocupa a quinta posição a seguir ao Reino Unido (5%), Países Baixos (5,2%), Luxemburgo (5,5%) e Áustria (6,7%).

 

Aumentos salariais previstos no mundo em 2024

África lidera as estimativas de aumentos salariais por continentes: 8,8% em 2024. No polo oposto estão a América do Norte e o Pacífico, com 3,8%. A Europa Ocidental, onde se inclui Portugal, está a meio da tabela, com um incremento médio previsto de 4,3%, este ano.

 

 

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