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João Nascimento, CTO da Vodafone: “Liderámos a introdução do 3G e 4G. O 5G não será exceção”

Ainda que seja para testes em ambiente real, a Vodafone Portugal já conta com uma antena 5G, a primeira no país. E pretende instalar mais em Lisboa e no Porto até ao final de 2019. “A Vodafone Portugal é um bom exemplo [dentro do grupo], mas não é o único”, afirmou o Chief Technology Officer (CTO) da empresa, João Nascimento em entrevista ao Jornal Económico.
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11 Abril 2019, 07h50

A Vodafone colocou “no ar” a primeira antena 5G em Portugal para testar a nova rede desde o final do mês de março, graças ao facto de a Anacom ter disponibilizado temporariamente o espectro na faixa dos 3,6GHz que permite à Vodafone Portugal realização de testes para o 5G em ambiente real. Em entrevista ao Jornal Económico, o Chief Technology Officer da empresa de telecomunicações falou sobre o que representa este passo na operação da telecom em Portugal.

A Vodafone pretenderá liderar o mercado 5G na Europa utilizando, quase como “um mercado-teste”, um pequeno país como Portugal? Como?
Cada operação do grupo Vodafone segue um plano próprio e autónomo de desenvolvimento do 5G, adequado ao mercado em que se insere. A partilha de boas práticas e de casos de sucesso é comum a todo o grupo e, nesse sentido, a Vodafone Portugal é um bom exemplo, mas não é o único. Mercados como Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido já se encontram num nível de desenvolvimento da tecnologia bastante avançado.

Mas Portugal é um bom exemplo, como referiu?
No caso concreto de Portugal, liderámos a introdução das anteriores tecnologias 3G e 4G, e acreditamos que o 5G não será exceção. Temos comprovado essa liderança com a concretização de marcos tecnológicos importantes, tais como a realização da primeira ligação 5G em Portugal com recurso a um smartphone, no passado mês de dezembro, ou a instalação desta primeira antena 5G do País, na sede da Vodafone Portugal, no Parque das Nações, em Lisboa. Estes significativos passos no desenvolvimento da quinta geração móvel têm permitido à Vodafone Portugal conhecer de forma mais aprofundada a tecnologia e, assim, explorar de uma forma muito mais concreta a sua utilização futura.

Que parceiros tecnológicos terá a Vodafone para o 5G na fase de testes que efectua em Portugal, além da Ericsson?
O parceiro estratégico e tecnológico por excelência da Vodafone Portugal para o desenvolvimento do 5G em Portugal é a Ericsson. No nosso laboratório de inovação Vodafone 5G Hub – um centro aberto de produção de conhecimento e inovação para impulsionar a rede móvel do futuro – contamos com um conjunto de parceiros das mais diversas áreas, tais como as empresas Altran e Celfinet, as startups Nimest e Parkio, a academia com o Instituto Superior Técnico e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, entre outras.

Qual é o objetivo dessas parcerias?
O objetivo da Vodafone é fazer crescer esta rede de parceiros por forma a representar todos os sectores que beneficiarão desta tecnologia. Estabelecer parceiras em áreas de atuação distintas – empresas ligadas ao sector das telecomunicações, à indústria, universidades, investigadores, startups tecnológicas –tem como objetivo fomentar um ecossistema propício ao desenvolvimento da nova tecnologia para que se tire partido de todas as potencialidades que o 5G apresenta.

Esses parceiros serão utilizados no desenvolvimento dos projectos que a Vodafone lançará no mercado europeu dentro do formato 5G?
Ainda é cedo para antecipar esse cenário. A fase em que nos encontramos no que diz respeito ao desenvolvimento do 5G passa por testar a tecnologia em ambiente real, com o máximo de use cases e de utilizações possíveis. Acreditamos que este é o caminho que deve ser percorrido para, assim, contribuir para uma aplicação muito mais eficaz do 5G quando este for lançado comercialmente. Esta antena – bem como as restantes que vamos instalar até ao final do ano em Lisboa e no Porto – representa um passo significativo neste caminho que já estamos a desbravar.

Em que medida é que a Vodafone Portugal conseguirá manter-se na linha da frente desta corrida do 5G?
A nossa maior obsessão, e que nos guia desde sempre, é o cliente. Investimos continuamente na melhoria e expansão da nossa rede, o nosso principal ativo, que acreditamos ser o fator diferenciador neste mercado tão competitivo. Ao mesmo tempo, move-nos a inovação e a disponibilização de tecnologia de ponta aos nossos clientes. Nesse sentido, nos últimos anos temos levado a cabo um ambicioso plano de modernização da nossa rede móvel, com a instalação de equipamento 5G ready e que colocam a Vodafone na melhor posição para liderar a implementação da quinta geração móvel em Portugal. Mas ter a melhor tecnologia não chega. O sucesso e os resultados que temos conquistado – com a rede 4G da Vodafone a ser considerada, consecutivamente, a melhor rede móvel do país por vários estudos independentes como os do P3, da Deco Proteste, da Open Signal, entre outros – são consequência do extenso know-how que existe na Vodafone, dos profissionais de excelência que trabalham na Empresa e que conseguem dar resposta aos desafios tecnológicos que sucessivamente se apresentam.

Que expetativas tem a Vodafone para o leilão do espectro de frequências para o 5G?
Até à data não existe informação concreta sobre a atribuição de espetro. Ainda assim, defendemos que é importante que o Governo reconheça o papel que os operadores desempenham no progresso tecnológico de Portugal e, consequentemente, a sua contribuição para a competitividade económica do País. Como a União Europeia já frisou, a Europa não pode ficar para trás na corrida mundial do 5G e, sendo o investimento uma questão estrutural para o desenvolvimento da tecnologia, acreditamos que o Governo terá em conta esta questão. Encaramos como um sinal positivo a disponibilidade demonstrada pela Anacom em responder positivamente ao pedido de utilização temporária de espectro, na faixa dos 3,6GHz, para que a Vodafone conseguisse colocar no ar esta primeira antena 5G do país.

Recentemente, o CEO da Nos disse que um eventual bloqueio à tecnologia chinesa em Portugal, concretamente da Huawei, atrasaria em dois anos o sector das telecomunicações nacional, no que respeita à implementação do 5G. Concorda com este argumento?
Na última edição do Mobile World Congress, que se realizou em fevereiro em Barcelona, Nick Read, CEO do grupo Vodafone, alertou que uma proibição a equipamentos da Huawei nas redes 5G terá impactos graves para a Europa, não só em termos de desenvolvimentos tecnológicos, mas também no que diz respeito a uma competitividade comercial que se quer saudável e não concentrada em apenas um ou dois fornecedores.

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