Passavam poucos minutos das 15h00 da tarde desta segunda-feira quando João Pereira Coutinho tomou conta do Auditório da SIVA, nas instalações da empresa, onde a Porsche Holding Salzburg (PHS) apresentou a nova visão para a empresa aos principais concessionários de automóveis nacionais.
Pedro de Almeida, antigo braço direito de Pereira Coutinho na administração da SIVA, passou a palavra ao ex-dono da empresa que deu um pequeno discurso. Fonte do setor revelou ao Jornal Económico que o empresário português relembrou os 32 anos juntos e disse adeus.
Seguiu-se o líder da importação da PHS, Günther Seifert, sentado entre Pedro de Almeida e Viktoria Kauffmann-Rieger, que agradeceu a Pereira Coutinho, tendo-se referido às negociações de 22 meses como “justas”. Passavam 15 minutos das 15h00 quando João Pereira Coutinho saiu pela última vez das instalações da SIVA, apurou o Jornal Económico.
Foi apresentada a nova estrutura de gestão da SIVA aos mais de vinte grupos e 40 concessões de três marcas que operam em Portugal. A nova SIVA terá uma gestão bicéfala repartida entre dois managing directors. Viktoria Kauffmann-Rieger integra a gestão, ao lado de Pedro Almeida, confirmando-se assim a notícia já avançada pelo Jornal Económico no passado dia 2 de setembro.
Austríaca e com 35 anos, Viktoria Kaufmann-Rieger ficará encarregue dos serviços partilhados, que integram os departamentos financeiro, recursos humanos, tecnologias de informação, jurídico e compliance.
Além disso, será ainda a líder para o desenvolvimento de rede, a sua especialidade, com decisão sobre a quem atribuir futuras concessões, o serviço do pós-venda, peças e ainda logística.
O segundo managing director será Pedro de Almeida, que ficará como diretor comercial, liderando a área de vendas de veículos novos da Volkswagen, Audi, Skoda, Bentley e Lamborghini.
Pedro de Almeida vai ainda mandar nas áreas de marketing estratégico e relações públicas, assim como nos sistemas de customer relationship management (CRM) e marketing digital.
Apesar de o negócio entre a PHS e a SIVA ter incluindo a compra dos onze concessionários da Soauto, esta vai reportar diretamente à PHS e será gerida nas mesmas condições que os outros concessionários e sem discriminação positiva.
Fundada em 1936 e comprada em 2011 pelo Grupo Volkswagen, a PHS vende 969 mil veículos por ano, segundo um filme que a importadora austríaca mostrou aos convidados.
À semelhança do que foi comunicado na conferência de imprensa desta manhã, na qual a PHS explicou à comunicação social os objetivos estratégicos, foi comunicado aos concessionários que a SIVA pretende vender 30 mil carros no médio-prazo (em três anos), fazendo do mercado português o terceiro mais importante para a nova dona da SIVA, invertendo a tendência de perda de quota de mercado, ano após ano, desde 2015 – altura até onde remontam os dados.
Foi mostrado aos presentes que, em 2015, a SIVA tinha vendido 31.400 viaturas, o que correspondia a uma quota de mercado de 15%. Em 2016, a quota de mercado baixou dois pontos percentuais, tendo caído para 11,6%, 7,6% e 6,1% em 2017, 2018 e 2019, respectivamente.
A data da compra da SIVA pela PHS foi comunicada à comunicação social, durante a conferência de imprensa que se realizou esta manhã, por Hans Peter Schützinger, presidente do Conselho de Administração da PHS – terça-feira, dia 15 de outubro. O negócio tinha sido acordado no passado dia 30 de abril.
Segundo o Jornal Económico apurou, Pedro de Almeida já tinha comunicado aos concessionários portugueses na semana passada e disse, numa comunicação, que se tratava de “uma mudança muito positiva” e que “vai permitir alavancar a atividade comercial” e recuperar a “confiança e fidelidade” dos clientes.
A SIVA foi vendida à PHS por um euro num negócio que envolveu um perdão bancário no valor de 100 milhões de euros.
Na conferência de imprensa que teve lugar esta manhã nas instalações da SIVA, Pedro de Almeida disse que a empresa terá “o capital necessário para investir nas marcas”.
O managing director da SIVA revelou que o “rent-a-car é um negócio de risco com 90% dos carros a terem de ser recomprados. Há risco do valor residual. Não faremos um maior volume de rent-a-car para além do que possa ser vendido pelos concessionários no ano a seguir. Temos o objetivo de manter o valor residual”
Sobre os objetivos de venda, Pedro de Almeida explicou que “para atingir o volume de vendas a 3 anos não haverá compras ou fusões. O crescimento de venda será orgânico”.
Quanto ao futuro elétrico da marca alemã, a SIVA revelou que o VW iD, o elétrico dirigo às massas, deverá começar a ser vendido no final do primeiro trimestre de 2020.
(atualizada às 19h25 com as declarações de Pedro de Almeida proferidas na conferência de imprensa)
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