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Jornal alemão Handelsblatt diz que o Smart tem os dias contados

Mas a Mercedes em Portugal diz que não tem informações sobre isso, esclarecendo, no entanto, que as parcerias entre a Mercedes e a Renault, que fabrica o Twingo, irmão gémeo do Smart, terão um prazo de validade.
25 Março 2019, 23h02

A Daimler Benz está a “esgotar a paciência” em relação aos 20 anos de consecutivas perdas da marca Smart e, à medida que se aproxima a data de aposentação do maior defensor do micro-carro, o presidente do conselho de administração da Daimler e patrão da divisão de automóveis da Mercedes Benz, Dieter Zetsche, aparecem vários defensores do fim da Smart dentro do grupo Daimler. Esta é a informação publicada pelo jornal alemão Handelsblatt – na notícia https://www.handelsblatt.com/unternehmen/industrie/autobauer-der-smart-droht-dem-spardruck-bei-daimler-zum-opfer-zu-fallen/24133486.html.

No entanto, em Portugal, na sede da Mercedes Benz, ninguém confirma a notícia. Referem que várias vezes tem havido comentários negativos ao mau desempenho da Smart e à parceria – a prazo – com a Renault, que levou à produção do projeto comum Smart-Twingo e à utilização de motores Renault em várias séries da Mercedes. “Estes projetos foram desenvolvidos com um prazo específico e um dia hão-de terminar, mas isso não quer dizer que se acabe com a produção da Smart”, comentou uma fonte da sede da Mercedes em Portugal.

No entanto, os “20 anos de perdas incessantes” da Smart – como refere o Handelsblatt – aumentam a impaciência dos gestores alemães sobre a marca dos pequenos citadinos. Enquanto Dieter Zetsche estiver no ativo, como presidente da Daimler, a Smart apenas terá críticos internos. Mas depois de Zetsche se reformar, o coro de detractores aumentará exponencialmente. A parceria com a Renault também chegará ao fim do seu prazo de validade e a Smart ficará sozinha e provavelmente “desvalorizada” no Grupo Daimler, segundo as informações do Handelsbatt.

Um dos exemplos que é evocado na Daimler de uma marca que deu a volta é a Opel, que agora, integrada no grupo PSA, gerido pelo português Carlos Tavares, voltou a ser rentável. Na Daimler e na Mercedes nunca gostaram particularmente de carros que não fossem rentáveis. Talvez por isso, o grupo da marca da estrela de Estugarda nunca divulgou o valor global dos prejuízos acumulados em 20 anos pela Smart, mas os números do montante anual de perdas da marca de pequenos citadinos não serão inferiores a 500 milhões de euros anuais, segundo várias fontes do sector automóvel.

Além disso, dentro de poucos meses será formalmente nomeado o sucessor de Dieter Zetsche, que será o sueco Ola Källenius, sabendo-se que não mostra qualquer empatia com a Smart nem com a possibilidade desta marca se dedicar à produção de veículos elétricos, que continuam a ser um nicho de mercado – embora crescente – e ainda têm baixa rentabilidade. Ola Källenius vem do universo da AMG, está vocacionado para veículos potentes, com elevadas margens de comercialização, que rendem muito ao grupo Daimler, evitando, por isso, carros minúsculos.

Foi em 1997 que o City Coupé – agora designado Fortwo –, se estreou em Frankfurt, no maior salão automóvel da Europa, mas a sua história remonta a 1989 e ao projeto lançado por Nicolas Hayek, o inventor dos relógios Swatch, que queria produzir um citadino ágil. Foi assim que nasceu a Micro Compact Car, em Biel, na Suíça, em 1994. O problema é que os custos desenvolvimento dispararam e Hayek saiu do projeto, deixando a Daimler sozinha. Mais de 20 anos depois, o seu futuro está cada vez mais incerto.

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