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José Sócrates classifica declarações de Fernando Medina de “profunda canalhice”

O antigo primeiro-ministro deixou duras críticas à direção do Partido Socialista. “Grande parte desses que dizem essas coisas estão a ajustar contas com a sua própria cobardia moral”, referiu em entrevista à “TVI”.
14 Abril 2021, 21h56

José Sócrates comentou na entrevista desta quarta-feira, 14 de abril, à “TVI” as declarações do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, no seu espaço habitual de comentário daquela estação, condenou o antigo primeiro-ministro de “rompimento de laços de confiança” entre eleitores e eleitos do Partido Socialista (PS).

“São declarações que a meu ver são de uma profunda canalhice, não quero falar mais sobre isso, mas quero responder. E a minha resposta é que o Partido Socialista devia ter vergonha de desconsiderar aquilo que são os direitos, liberdades e garantias fundamentais que fizeram a cultura política do PS em 1975 pela liberdade”, afirmou.

Para José Sócrates as declarações do autarca merecem a sua repugnância, mas salientou que Fernando Medina “não é a personagem essencial”, mas quem lhe manda dizer isso, que é a liderança do PS e a sua direção. “Essas declarações dizem tudo sobre o que realmente pensa a direção do Partido Socialista, que é, que pode e deve fazer uma condenação sem julgamento, sem defesa. Esquecer até o princípio da presunção de inocência base”, realçou.

O antigo primeiro ministro referiu que tomou a decisão correta quando saiu do Partido Socialista, porque já não aguentava mais o silêncio. “Grande parte desses que dizem essas coisas estão a ajustar contas com a sua própria cobardia moral. Não disseram uma palavra quando fui detido no aeroporto com televisões, argumentando com perigo de fuga”, salientou.

O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, acusou esta terça-feira o antigo primeiro-ministro José Sócrates, arguido na “Operação Marquês”, de corroer o “funcionamento da democracia”. O dirigente socialista e autarca lisboeta responsabilizou José Sócrates pelo “rompimento de laços de confiança” entre eleitores e eleitos, ao ser julgado por “um crime no exercício de funções um ex-primeiro-ministro”.

“É a primeira vez na nossa história que teremos em julgamento um ex-primeiro-ministro e, independentemente, da natureza mais ou menos extensa do crime sabemos que é um crime em exercício de funções com uma moldura penal significativa de cerca de 12 anos”, disse Fernando Medina, no seu espaço habitual de comentário na TVI.

Segundo o autarca lisboeta, que foi o primeiro dirigente socialista a quebrar o silêncio sobre a “Operação Marquês”, o facto de José Sócrates ter sido pronunciado pela prática de seis crimes (três de branqueamento de capitais e outros três por falsificação de documentos) é “fundador de um profundo sentimento de desconfiança na sociedade portuguesa e de descrença na relação entre eleitores e eleitos”.

O ex-primeiro ministro José Sócrates vai ser pronunciado por três crimes de branqueamento de capitais e um de falsificação de documentos e terão de ir a julgamento.

Um dos crimes diz respeito à utilização das contas bancárias junto do Montepio Geral da arguida Inês do Rosário (mulher de Santos Silva); um refere-se ao uso das contas bancárias do arguido João Perna (motorista) e um é de lavagem de 163.402,50 euros entre 2012-2014.

O crime de falsificação documental deve-se à produção do uso de documentação referente ao arrendamento do apartamento de Paris, aos contratos de prestação de serviços entre a RMF Consulting e Domingos Farinho e aos contratos entre a RMF e António Manuel Peixoto.

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