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Jump: “Gostaria que houvesse mais ciclovias” em Lisboa

Lisboa atravessa “revolução de mobilidade” que se traduz na aposta das empresas de micromobilidade em bicicletas e trotinetes. Diretor-geral da Jump diz que o “foco do investimento” no setor tem sido a trotinete e pede mais ciclovias na capital.
28 Julho 2019, 19h00

A empresa de bicicletas detida pela Uber defende que deveria haver uma maior aposta no crescimento da rede de ciclovias na capital portuguesa. Em declarações ao Jornal Económico, o diretor-geral da Jump, Francisco Vilaça, afirmou que “gostaria que houvesse mais ciclovias” na cidade de Lisboa, embora as bicicletas Jump cheguem já “a muitas zonas onde não existem ciclovias”.

“A Jump está no centro desta revolução de mobilidade” que está em curso na capital portuguesa, o que para Francisco Vilaça se traduz numa adequação da oferta “à procura que existe” sendo, por isso, necessária a adequação da via. A Jump está sempre “atenta ao mercado e ao cenário português”.

A leitura do homem que lidera as operações da Jump em Portugal, desde que as bicicletas da marca chegaram às ruas de Lisboa, em fevereiro deste ano, está em linha com os objetivos da autarquia para a micromobilidade: “Não vemos como impossível o plano dos 200 quilómetros de ciclovia”. O atual executivo camarário, que tem no vereador Miguel Gaspar o “gestor” da mobilidade da cidade, quer deixar no final do mandato (2021) uma rede ciclável de 200 quilómetros, embora existam apenas pouco mais de 90 quilómetros de via ciclável.

A concretização do objetivo de aumentar a rede ciclável está dependente da adaptação do espaço público, algo que Francisco Vilaça mostrou ter confiança nas opções da Câmara Municipal de Lisboa (CML) colocando a Jump noutro plano: “O nosso papel é ser parceiro na transição da mobilidade e contribuir para uma melhoria do planeamento, adequação do estacionamento necessário, ciclovias onde são necessárias, e com isso tornar a cidade mais ciclável”.

O diretor-geral da Jump explicou que os novos meios de transporte na cidade, como as bicicletas elétricas partilhadas da empresa, cumprem a missão de “complemento aos transportes públicos” e é com essa missão que a empresa acredita contribuir para “uma melhoria na capacidade de mobilidade das pessoas”.

Mas quanto à possibilidade de ver o serviço da Jump integrado na rede de transportes públicos um dia, Francisco Vilaça admitiu ser “uma boa ideia” e uma opção que a empresa está “sempre aberta a estudar”, contudo, por “envolver outras questões”, não é algo que se coloque atualmente. Ainda assim, salientou que “já há cidades onde há transporte públicos integrados, com uma pessoa a poder começar uma viajem numa bicicleta até ao comboio – o foco é que os meios de transportes estão integrados”.

A intermodalidade entre a rede pública e ofertas de micromobilidade pode existir, mas é necessário haver diálogo entre operadores e autarquia. E há. Em Lisboa, a CML reúne periodicamente com as empresas de micromobilidade para fazer o ponto de situação da oferta e como isso afeta as vias públicas tendo em vista uma melhoria dos serviços. “Não tivemos nenhum ponto de dificuldade nos acordos com a CML”, assegurou o diretor-geral da Jump quando questionado pelas reuniões com a CML.

Um outro objetivo camarário a cumprir é que 10% da repartição modal corresponda aos meios de transporte suave, como as bicicletas Jump. Atualmente essa repartição modal é cinco vezes inferior ao pretendido, apenas 2%. Sem fazer previsões, Vilaça considerou o objetivo possível “em complemento com os transportes públicos e outros meios como as trotinetes”.

Questionado também por que motivo apenas existem duas empresas de micromobilidade a apostar em bicicletas, sendo uma delas uma empresa pública, o responsável pela Jump criticou: “o foco do financiamento em Lisboa tem sido a trotinete”. Sobre a possibilidade de a Jump chegar brevemente a outras cidades, ou sobre um possível alargamento da oferta de bicicletas aos utilizadores, o responsável pelas operações da Jump afirmou não ter “nada previsto”.

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