Foi a terceira vez na história que a Coreia do Norte lançou projécteis sobre território japonês, sendo que nas últimas duas alegou que carregavam satélites que estavam a ser lançados para órbita. Desta vez, a Coreia do Norte não se pronunciou acerca do objetivo dos projécteis.

O lançamento dos mísseis foi certamente um ato de provocação muito sério, especialmente numa fase em que as tensões entre a Coreia do Norte e o resto do mundo têm vindo a intensificar-se. Os líderes do Japão, da Coreia do Sul e dos EUA emitiram prontamente comunicados a afirmar a seriedade da situação, mas até agora ainda não reagiram com ações.

Os mercados financeiros reagiram rapidamente à notícia do míssil, de acordo com o que seria de esperar numa situação em que uma guerra pode rapidamente emergir. As classes de ativos com maior risco e exposição à situação de Península da Coreia foram penalizados, enquanto classes de ativos de refúgio, como o ouro ou o franco suíço, reagiram positivamente. Não obstante, a reação foi relativamente tímida e dissipou-se rapidamente ao longo da semana. Os investidores parecem estar a relativizar o impacto que um conflito na Península Coreana possa ter para os mercados financeiros, e têm motivos para isso.

Por muito grave que fosse um conflito na região coreana do ponto de vista humanitário, a verdade é que é pouco provável que a situação escale para proporções que se tornem realmente um risco para a economia global – e para os mercados financeiros.

Atualmente, o maior risco é que, perante alguma iniciativa mais incisiva sobre o país, com o objetivo de extinguir os programas de desenvolvimento de armas nucleares, a Coreia do Norte ataque inesperadamente uma cidade sul-coreana. Esse ataque daria início a um conflito armado na região que poderia facilmente dar aso ao uso de armas nucleares. Mas iria rapidamente virar contra si o único verdadeiro aliado da Coreia do Norte, a China. Seria provavelmente o fim do regime norte-coreano, mas com o custo de milhares de vidas não só do lado da Coreia do Norte como também da Coreia do Sul. Um cenário que os países desenvolvidos querem, naturalmente, evitar.
O sangrento fim do regime norte-coreano seria certamente negativo para a economia da Coreia do Sul, do Japão e da China, mas tudo indica que o conflito seria relativamente curto e com um final relativamente previsível.

Por muito barulho que a Coreia do Norte esteja a fazer, a tecnologia do seu armamento está várias décadas atrás da dos países desenvolvidos. O território norte-coreano seria provavelmente rapidamente ocupado pela Coreia do Sul, com o apoio dos EUA, existindo só duas incógnitas que dissuadem os países desenvolvidos de tomar medidas mais drásticas. Em primeiro lugar, qual é o real poder do armamento norte-coreano – a pequena possibilidade de a Coreia do Norte lançar uma bomba nuclear para a Coreia do Sul, numa situação de desespero, é extremamente dissuasora.

Em segundo, qual é a posição da China perante a possibilidade da unificação da Península Coreana.

Não obstante estas incógnitas, o conflito parece realmente estar confinado à Península Coreana e o impacto para a economia global seria por isso limitado.